quinta-feira, 30 de outubro de 2008

O consumismo: Vilão ou Salvação

Se refletirmos sobre os ciclos de desenvolvimento econômico, iniciaremos a nossa observação pelo chamado capitalismo comercial, representado, no Brasil, pelo mercantilismo ocorrido antes do século XVIII, através do ciclo do pau -Brasil, da cana de açúcar, do ouro e do café. Sua característica foi obter rendimentos, com a exploração destes produtos, proporcionando lucro a quem detinha os meios de produção sobre a colônia. A partir do século XVIII, com a revolução industrial, que partiu das indústrias à vapor, alimentadas por carvão, para as indústrias por fonte elétrica, bem como, os conseqüentes avanços, como a exploração e o uso do petróleo, que permitiu o desenvolvimento da indústria automobilística, chegamos ao capitalismo industrial, que embalado pelo liberalismo, trouxe novo desenvolvimento, uma vez que, alterando a fonte de energia de vapor para elétrica, pôde-se imprimir uma velocidade muito maior na fabricação e venda dos produtos, o que resultou na elevação do nível dos rendimentos sobre a economia. Tal elevação, impulsionou a urbanização de cidades, gerando uma intensa migração de trabalhadores para as grandes cidades, que estavam, portanto, sem infra-estrutura para recebê-los, ocasionando carências sociais das mais diversas. Com o liberalismo em alta, na década de 30, ocorre uma crise financeira, com o crash da Bolsa de Nova York, o que coloca novamente em pauta a questão da necessidade de intervenção do estado na economia, afim de evitar o aprofundamento da crise financeira, caindo por terra a idéia de regulação social-econômica do livre mercado. O Inglês, Maynard Keynes, em 1926, havia apresentado postulado sobre a necessidade de tal intervenção, e assim, nasce o Keynesianismo, que entre outras propostas, procura melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, com benefícios trabalhistas como: salário mínimo, férias, Décimo terceiro salário, investindo mais na saúde e melhorando o relacionamento do empresário com o trabalhador, que resultava em melhor produtividade, e conseqüentemente, mais lucro para as empresas. Aqui no Brasil, os benefícios trabalhistas foram bastante implementados, na era Vargas (1930/1945), gerando inclusive a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas).
No entanto, terminada a segunda guerra mundial (1939/1945), com o desenvolvimento tecnológico ocorrido ao longo dos combates, e com o respaldo da necessidade de recuperação dos países envolvidos na guerra, entra-se num novo ciclo do capitalismo, uma vez que, a partir de então, lançaram-se novos produtos tecnológicos para uso cotidiano que mudariam os costumes das pessoas, até os dias de hoje. Os bancos, passam a emprestar dinheiro para as empresas privadas investirem mais e buscarem estratégias para aumento da produtividade e conseqüentemente dos seus lucros, não mais a longo prazo, mas sim, a curto prazo. Assim, surge o capitalismo financeiro, onde o capital é remunerado, como um investimento, ora na “força de trabalho”, ora no “mercado financeiro”, que com isto, se expande imensamente. Aqui, neste ponto, já podemos dizer que, a mola propulsora da economia, ou seja, do novo ciclo de crescimento econômico, a partir de então, passaria a ser “o consumo”. Considerando os problemas ocorridos com a doutrina Keynesiana, que provaram tratar-se de uma política que necessitava de aprimoramentos, pois na década de 60 a inflação e a acumulação monopolista avançava nos países centrais, bem como, com a privatização das empresas, afastando novamente o estado do centro da economia, surge um novo liberalismo, nos países desenvolvidos. Que passa a ser chamado de neo-liberalismo, e cuja corrente doutrinária se dissemina em várias direções do globo até os nossos dias, considerando que o estado, no limite, deveria apenas cuidar de cumprir os seus contratos e garantir o direito a propriedade privada do indivíduo. Atualmente, durante um certo tempo de economia estável, no Brasil, constatamos a capacidade da economia de livre mercado, de contribuir para a ascensão social de milhões de pessoas, como um aspecto positivo, mas. por outro lado, no aspecto negativo, o capitalismo financeiro, vem cedendo espaço grande para a especulação, basta observarmos a crise atual gerada nos E.U.A. por pura especulação imobiliária, acompanhada por falhas no sistema regulatório das instituições econômicas e por ratings(avaliação de instituições de investimento) ilusórios ou maquiados. Notamos também, nos tempos de hoje, um descolamento da economia financeira da economia real, se considerarmos que para cada US$ 1,00 investido em “força de trabalho”, há US$ 3,50 investidos “no mercado financeiro”, o que aumenta os ganhos financeiros dos monopólios e oligopólios multinacionais, assim como, a distância entre a classe mais rica e a mais pobre, no mundo. Vale lembrar que, segundo Karl Marx, num contexto histórico, o capitalismo seria um modo de produção dominante, ou seja, que tende a distanciar, cada vez mais, os mais ricos dos mais pobres, que são dominados pelos primeiros. É certo que o ideal comunista também já fracassou, ...é certo também, que a cada crise o capitalismo revê suas falhas e segue em frente, com mais musculatura, mas e a felicidade humana, objetivo fim do jogo econômico das nações, inclusive com uma promessa de igualdade entre os indivíduos, estaria sendo maximizada tanto quanto o lucro dos capitalistas? Ou seríamos nós, classes C,D e E apenas pilhas, que mantêm o sistema funcionando?!
Estamos em crise ? ... Então consumam !!!