Quando abro os olhos ao acordar, lentamente a memória vai despertando, como quando ligamos o computador. É muito bom perceber o quão silencioso sou antes que o primeiro pensamento surja na tela da memória. Em fração de segundos a identidade fixa, os pensamentos aparecem e a atenção poderá foca-los. A sobreposição produz a impressão de que somos a mente!
Naturalmente na vivência o Ser se autoconhece. Aos poucos, percebe e expande a consciência para momentos em que imerso e contido na sobreposição, o eu condicionado age impulsivamente em relação as circunstâncias. Mas há momentos em que a conquista de Metas e objetivos passa a ser a prioridade, fase em que mais prospera no mundo. Aos poucos, o olhar vai se voltando para dentro. Persona, eu condicionado ou ego enquanto se forma, produz impressões (Vrittis), que são tomadas como verdades, como a impressão de limitação, ...de separação. Porém o Ser permanecerá experienciando, vivendo, no sentido de transcender a identidade que molda o Eu condicionado pelo meio e as impressões que influem nas emoções. Reconhecer projeções ajuda a expandir a consciência neste aspecto.
A impressão de sofrimento é o que sentimos entre as ilusórias sensações de felicidade, quando os referenciais para chegar a ela são o meio, ou seja, ...quando há referenciais!
Da impressão de separação para a comparação é um pulo! Então se sou, ajo ou tenho algo diferente do outro, começo a sentir a impressão de ser melhor ou pior, e deixo de ser igual em essência para ter reforçada a impressão de ser separado, estimulado pelo condicionamento do meio que necessita produzir cada vez mais participantes para se manter.Com a ilusão de sermos o que a mente produz e expressa, vivendo em função do ambiente social, nossa vida se resume num meio para chegar a um fim, onde a felicidade está sempre na conquista da próxima meta, do próximo objetivo, mas nunca chega, e assim, em meio a tanto trabalho nos sentimos entediados com o viver. Aqueles pensamentos nos quais nossa identidade se encaixa e expressa desde o acordar de manhã se tornarão habitualmente um escape do momento presente. Como uma espécie de resistência ao agora, e portanto, nos tornamos pessoas robotizadas que vivem sem sentir o sabor de suas ações no dia a dia. Apenas vivendo na mente.
Existem dois grandes grupos de pensamentos que fluem ao longo do dia, um associado a algo que decidi realizar voluntariamente, portanto, consciente, e que tem a ver com a força de vontade para realizar e desenvolver a vida prática, o outro, associado ao involuntário e subconsciente que normalmente aparece na tela da mente do nada e associado a uma emoção, a uma memória, a uma sugestão, etc... como uma preocupação, por exemplo. Bem parecido com a forma operacional do Feed de notícias do Facebook, onde atraímos as notícias na tela, em função do que o sistema percebe ser interessante para nós, através de nossas ações na rede (curtidas, comentários, etc). E num dado momento observo, ...tomo consciência do quanto um grupo de pensamentos pode chamar a atenção e ocupar a capacidade do foco (que deveria estar no que escolhi trabalhar consciente) através da identificação (com algo que veio por associação mas que não tem importância com relação ao que escolhi realizar conscientemente), ou seja,... passo a discernir o "pensar consciente" de simplesmente ser atraído por pensamentos subconscientes, mas que igualmente estão associados a algo. Sabe quando registramos as despesas do mês corrente para cortar despesas desnecessárias no próximo mês? Pois é! Observe os pensamentos que surgem do nada e de forma involuntária tomam a atenção daquilo em que verdadeiramente quer estar consciente. Esvazie a importância destes pensamentos involuntários, como deixa de dar importância a um gasto supérfluo, afim de deixar de faze-lo, enquanto se torna consciente do momento presente e em que realmente quer focar a atenção, em função de sua força de vontade. O estado de presença é a aceitação do momento presente, deixando fluir os pensamentos que desviam a nossa atenção do agora, sem resistência. Não é preciso estar parado ou em silêncio, afinal o silêncio necessário é o do barulho da mente, em função da compulsão aos pensamentos que desviam nossa atenção ao momento presente, assim como, a economia necessária é o resultado do corte do excesso de despesas supérfluas que nos permite viver melhor o agora. Estar consciente ao momento presente, ...ao agora, torna possível que transcendamos os pensamentos involuntários e nos alinhemos com um espaço maior da consciência, evitando que fiquemos limitados em pensamento ao espaço do EU condicionado (Ego). Estar alinhado com o que acontece no presente implica em que não estejamos resistindo ao que acontece, sem criar ou acreditar em rótulos, deixando ser como é. Não alinhado haverá pensamento limitante, e portanto, já não somos mais a presença e sim um alguém. "Acontece, apesar de mim, não controlo o que acontece. A vida se produz, portanto, aceito". A mente separada só existe do ponto de vista da mente separada. Um alguém pensante também é um pensamento. A presença na praia, num momento de descanso da vida cotidiana, sem resistência, apenas é, e o Ser flui revigorando-se, no entanto, assim que toca o celular e recebo uma resposta pra um negócio pendente, a mente entra em cena, o pensamento poderá gerar resistência ao que acontece, aquela situação, ... o alguém então surge. Ser o fluxo apesar do que acontece é em síntese aceitar o momento presente sem resistência.
A Paz da observação do fluxo natural da vida traduz-se no silêncio!!!