quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Afinal o que é República e o que representa para a nossa vida?

A República (do latim res publica, "coisa pública") é uma estrutura política de Estado ou forma de Governo em que, segundo Cícero, são necessárias três condições fundamentais para caracterizá-la: um número razoável de pessoas (multitudo); uma comunidade de interesses e de fins (communio); e um consenso do direito (consensus iuris). Nasce das três forças reunidas, entre, uma mistura da libertas do povo, da auctoritas do Senado e da potestas dos magistrados. Assim, os soberanos nos oferecem o amor paternal; os grandes, o sábio conselho; o povo, à liberdade. Hoje é visto como um governo no qual o chefe do Estado é eleito pelo povo ou seus representantes, tendo a sua chefia uma duração limitada. A eleição do chefe de Estado, por regra chamado presidente da república, é normalmente realizada através do voto livre e secreto. Dependendo do sistema de governo, o presidente da república pode ou não acumular o poder executivo permanecendo por quatro anos. (...) Hoje em dia, o termo república refere-se, regra geral, a um sistema de governo cujo poder emana do povo, ao invés de outra origem, como a hereditariedade ou o direito divino. Ou seja, é a designação do regime que se opõe à monarquia. (Wikipedia)
Constitucionalismo
As normas constitucionais são compreendidas como o ápice da pirâmide normativa de uma ordem jurídica, consideradas Leis Supremas de um Estado soberano, e tem por função regulamentar e delimitar o poder estatal, além de garantir os direitos considerados fundamentais. O Direito constitucional é destacado por ser fundamentado na organização e no funcionamento do Estado e tem por objeto de estudo a constituição política desse Estado. (...)O constitucionalismo, teoria que deu ensejo à elaboração do que é formalmente chamado de Constituição, surgiu a partir das teorias iluministas e do pensamento que também deu base à Revolução Francesa de 1789.
Considera-se a Magna Carta o documento que esboçou o que posteriormente seria chamado de Constituição. Foi assinada pelo Príncipe João face à pressão dos barões da Inglaterra medieval, e apesar da notícia histórica de que os únicos que se beneficiaram com tal direito foram os barões ingleses, o documento não perde a posição de elemento central na história do constitucionalismo ocidental. A partir da moderna doutrina constitucionalista, a interpretação dada à Magna Carta sofre um processo de mutação denominado mutação constitucional, onde novos personagens ocupam as posições ocupadas originalmente pelos participantes daquele contrato feudal, de maneira que as prerrogativas e direitos que foram concedidos aos barões passam a ser devidos aos cidadãos, e os deveres e limitações impostos ao Príncipe João passam a limitar o poder do Estado.
Contudo, foi a partir das "Revoluções Liberais" (Revolução Francesa, Revolução Americana e Revolução Industrial) que surgiu o ideário constitucional, no qual seria necessário, para evitar abusos dos soberanos em relação aos súditos, que existisse um documento onde se fixasse a estrutura do Estado, e a consequente limitação dos poderes do Estado em relação ao povo. (Wikipédia)
A Constituição moderna, portanto, insere no controle dos interesses do  “Bem público” instituições independentes como: Congresso Nacional, Polícia Federal, Ministério Público e Supremo Tribunal Federal , instâncias cuja autonomia assegura, que sendo assim, não estão à serviço do presidente da república, mas antes, a serviço da República, ...a serviço dos interesses do “Bem público”.
A República e o Brasil
Visto que a república brota na história de uma oposição ao governante por hereditariedade ou “direito divino”, fica mais fácil compreender porque este sistema de governo se ergueu em geral nos países, a partir da monarquia. No Brasil, o regime introduzido em 1889, após o Império de Pedro II, parlamentarista com partidos nacionais e uma liberdade de imprensa rala, pela forma que se desenvolveu, denota realmente um período de transição. “A partir da Constituição de 1891 a igreja estava separada do Estado. Introduziu-se o registro civil de nascimentos, casamentos e mortes e se estabeleceu o regime federativo que deu às províncias (então transformadas em Estados) mais autonomia e controle fiscal.” No entanto, os resquícios da monarquia ainda persistiram por muito tempo, ao longo da primeira República que foi de 1891 a 1930, época em que prevalecia o perfil oligárquico da nação, onde novas leis eleitorais reduziram o número de eleitores e elegíveis, e portanto, em 1910 numa população de 22 Milhões de pessoas, apenas 627 Mil possuíam o direito a voto. O exército ganhava papel fundamental, e mesmo assim, na vida da república que se iniciava violenta, não conseguiu impedir a eclosão de movimentos dentro das casernas. O governo civil destacou-se pela sofisticação do procedimento interno conhecido como “política dos governadores”, incluindo a aliança do “Café com Leite”, dentro desta engenharia política, que fazia oscilar um presidente paulista e outro mineiro, através de um processo eleitoral fraudulento, de cabresto, cujo fim era o de sustentar tal manipulação. Daí se seguiu o modelo de “república dos coronéis” contando com uma estrutura político-partidária frágil e instituições ainda pouco consolidadas, que desembocou no mandonismo local: estrutura oligárquica baseada em poderes personalizados com núcleos nos latifúndios. Práticas de favoritismo, construídas no interior de relações parentais, minaram o estatuto da lei e da esfera pública, e assim, o país parecia uma grande fazenda agitada e heterogenia. Provavelmente um dos períodos de regime político mais pobres do Brasil, tanto pela corrupção do dinheiro público quanto pela corrupção dos costumes. E então, até 1930 as imigrações de asiáticos, europeus e africanos trouxeram e misturaram práticas de moradia, alimentação, tradições religiosas, costumes sanitários e formas de sociabilidade, gerando o crescimento urbano e consequentemente a expulsão das populações pobres fazia crescer e disseminar os cortiços. Resultado: Mais revoltas pela incompreensão do que se apresentava. Enquanto aos poucos a classe operária virava protagonista advinda do novo parque industrial, revoltas como a da Chibata, reagiam a tratamentos que vinham da época da escravidão. De cerca de 80 Mil operários em 1900, a nação chegava em 1930 com 275 Mil. E como se percebe, a República nascida encabulada em 15/11/1889 deixa um legado ambivalente, de uma lado lembrando os dias de hoje com o boom da urbanização, da industrialização e da entrada de imigrantes, e de outro, gravando na memória um período de repressão, falcatruas políticas, de ampliação de medidas racistas e da exclusão da pobreza.  Assim, recebe um rótulo indigesto: “República Velha”; Porém, a partir deste período é que ocorre abertura para um processo sem volta, contexto em que se desenham os primeiros passos na constituição de uma sociedade cidadã e participativa. Na era Vargas, foram os governantes e intelectuais que chamaram o seu próprio período de “Estado Novo”, em movimento contínuo, sobrepondo o que era “velho” e ultrapassado. Em resumo, o Brasil tem pouca experiência histórica tanto de república (a busca do bem comum) quanto de democracia (o povo, os pobres, tomando a palavra). Nossa sociedade não tem tanto respeito pelo direito (o mundo da república) ou pelos direitos sociais (o mundo da democracia). Já que muita gente ainda opta por se apropriar do bem público para uso privado; A corrupção outrora, entre outras, era dos costumes, e agora, é chamada de “liberdade individual”. E assim, a república deixou de ser viril, mudou a coisa pública: não é mais algo transcendente, uma pátria acima de seus componentes, à qual se sacrificam, mas o tesouro público, o dinheiro do Estado. Vemos hoje, portanto, o Estado não como um valor, um ideal, mas só como o “caixa do condomínio”.  A inovação, fica por conta da inclusão nos últimos séculos, na coisa pública, de valores como a Liberdade, Igualdade e a Fraternidade, pois ao contrário da república romana, a república de nosso tempo tenta resolver a questão social, ou seja, a exclusão dos pobres. Desta forma, uma série de demandas inicialmente democráticas, como saúde, educação, transporte e segurança, mal atendidas pelo setor público, e a ampliação dos programas de inclusão social aos mais carentes se torna condição para a república não morrer. Deixa de ser uma exigência só democrática para se tornar uma necessidade republicana, tornando o ato da corrupção algo muito pior do que um simples furto, já que agindo assim perde-se a oportunidade, como um bem público, por exemplo, de incluir mais pessoas sem acesso a uma melhor saúde, educação, transporte e segurança. E portanto, atender a todos indistintamente. É este fator melhorado que permitiria atender ainda mais a necessidade dos mais carentes, tema tipicamente democrático, que se torna um tema republicano.

(Fonte para reflexão: Texto de Renato Janine Ribeiro e Lilia Moritz Schwarcz no Jornal : O Estado de SP)

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

A Certeza e a Dúvida

"Buda estava reunido com seus discípulos certa manhã, quando um homem se aproximou:
- Existe Deus? - perguntou.
- Existe - respondeu Buda.
Depois do almoço, aproximou-se outro homem.
- Existe Deus? - quis saber.
- Não, não existe - disse Buda.
No final da tarde, um terceiro homem fez a mesma pergunta:
- Existe Deus?
- Você terá que descobrir - respondeu Buda.
Assim que o homem foi embora, um discípulo comentou, revoltado:
- Mestre, que absurdo! Como o Senhor dá respostas diferentes para a mesma pergunta?
- Porque são pessoas diferentes, e cada um chegará à resposta por seu próprio caminho. O primeiro acreditará em minha palavra. O segundo fará tudo para provar que estou errado. E o terceiro só acredita naquilo que é capaz de provar por si mesmo."
"As respostas que cada um tem, são parte do seu caminho, constituindo a verdade relativa. Ou seja, a forma de ver, entender e encarar a vida e a existência.
A Verdade Última ou Absoluta é a Verdade que está para além de cada ser. E não pode ser refutável, pois todos a integram.
Para ouvires a Verdade Última, tens de abrir o coração na totalidade. E com isso abrir a Consciencia.
Então a Mente compreende aquilo que não tinha conseguido compreender.
Namaste!"