O conhecimento implícito no ensino do fogo como elemento primordial, era o de que "só percorrendo a via do fogo sublimador é que se atinge a Unidade primordial", ...o princípio primordial de tudo e de todas as coisas, por desenvolver-se e alcançar a compreensão do que seja a intimidade da energia vital, manifestada na natureza como luz, calor, e chama. Seria penetrar na essência do invisível, na realidade íntima das coisas, evoluindo na senda da integração, caminho que conduziria da consciência humana à consciência divina, eu superior ou ego espiritual. Este conhecimento adentra a idade média (de forma oculta já que a inquisição considerava este como pagão, contrário ao credo do catolicismo romano, no poder na época) e artistas passam a criar peças de arte, poemas, etc inspirados nele, para mante-lo no inconsciente coletivo das gerações vindouras, como a frase inserida no poema de Luis de Camões, poeta português que viveu no século XVI, autor de "Os Lusiadas" : "Amor é um fogo que arde sem se ver", o que ajudou a associar a essência ou energia vital, com o amor, desde então, embora hoje saibamos intuitivamente que refere-se ao Ser imanente à cada forma (vazio neutro), que no seu aspecto mais profundo, invisível e indestrutível, se integra com a essência comum a todos (UM).
Compreendemos MENTALMENTE o esboço do Ser, como algo imanente e transcendente, sendo que hoje intuímos que é preciso vive-lo para estar-se pleno, energizando a essência. Mas na antiguidade, através da escola de Delfos, Pitágoras ensinava que o elemento natural (mente divina agindo na natureza) que produzia a essência imanente e transcendente seria o Sol (fogo=Ignis Vitae), pois este através do vento, produziria a umidade na terra e a solidificaria através da produção do elemento água (líquido). Que também gerou o famoso arquétipo dos triângulos invertidos sobre si mesmos. INRI (na versão latina) significa: Ignis Natura Renovatur Integra ("Pelo fogo se renova a natureza inteira"), muito explorado pela Sociedade teosófica e pelos Rosa Cruzes, desde então;
Os Druidas na antiga Bretanha, utilizavam os raios de Sol em seus templos, através de vitrais com cristais, objetos portáteis confeccionados com cristais ou água marinha, especialmente talhada para produzir o efeito do reflexo, nos equinócios, para acenderem o fogo no altar. Ao produzir o efeito de acender o fogo com os raios solares, ensinavam que aquilo estava de acordo com a vontade dos deuses, para aquele momento, sendo que a luz solar era muito mais importante enquanto invisível, por isso a importância da especial reverência. Fundindo-se naquele tempo, o aspecto físico da luz solar com o espiritual, pois acreditavam que a ação solar era tríplice, ocorrendo através do Deus-pai (iluminando o espírito), Deus-filho (iluminando a mente) e Deus-espírito santo (iluminando o corpo físico), e portanto, que através de rituais poderia-se atrair o fogo divino e concentra-lo para o uso a serviço dos homens; Isso para a vida cotidiana seria traduzido como :vontade, sabedoria e ação; Gerando derivações nos diversos povos da época, e revelando a versão dos três" logos". Em honra de "Hu" , a suprema divindade dos Druidas, naquela época, os povos da Bretanha e de Gales, celebravam anualmente o acendimento de fogos, no que eles chamavam de dia do Solstício estival. Destes rituais surgiram símbolos que traziam os arquétipos de sua crença, como a Cruz Celta, que procurava retratar o movimento dos raios por entre os cristais dos Templos
(Foto: ANALEMA, o movimento do Sol visto do mesmo ponto, no hemisfério norte, olhando para Leste, a cada nascimento, antes e depois do Solstício/ Crédito:This file is licensed under the Creative Commons Attribution-Share Alike 2.0 Germany license. )
"SOLSTÍCIO: Quando ocorre no verão significa que a duração do dia é a mais longa do ano. Analogamente, quando ocorre no inverno, significa que a duração da noite é a mais longa do ano. (O Sol em seu movimento aparente oferece maior declinação em latitude);
Os trópicos de Câncer e Capricórnio são definidos em função dos solstícios. No solstício de verão do hemisfério sul, os raios solares incidem perpendicularmente à superfície da Terra no Trópico de Capricórnio. No solstício de verão do hemisfério norte, ocorre o mesmo fenômeno no Trópico de Câncer.
CULTURA E RELIGIÃO
Em várias culturas ancestrais à volta do globo, o solstício de inverno era festejado com comemorações que deram origem a vários costumes hoje relacionados com o Natal das religiões pagãs. O solstício de inverno, o menor dia do ano, a partir de quando a duração do dia começa a crescer, simbolizava o início da vitória da luz sobre a escuridão. Festas das mitologias persa e hindu reverenciavam as divindades de Mitra como um símbolo do "Sol Vencedor", marcada pelo solstício de inverno. A cultura do Império Romano incorporou a comemoração dessa divindade através do Sol Invictus. Com o enfraquecimento das religiões pagãs, a data em que se comemoravam as festas do "Sol Vencedor" passaram a referenciar o Natal, numa apropriação destinada a incorporar as festividades de inúmeras comunidades recém-convertidas ao cristianismo. "
(Fonte: Wickpédia)
O fato é que embora a matemática dos antigos, que já era eficiente, tenha sido aprimorada, ela não consegue refletir 100% a realidade da natureza com precisão. Isto ocorre porque ao pensarmos em termos do que de fato ocorre na natureza, vamos notar que há uma diferença entre a hora do relógio e a hora natural, que pode ser observada ao olharmos para o Sol ao nascer e se pôr , sempre do mesmo ponto, ao longo do movimento de translação da Terra (ano). Considerando ainda que o movimento de órbita da Terra em torno do Sol não é um círculo perfeito, mas uma elipse. Por exemplo, se escolhermos o momento em que o Sol atinge o seu ápice no céu, ao meio dia e medirmos o tempo real até o meio dia do dia seguinte, observando o momento exato em que o Sol chegará ao mesmo ponto, veremos que em alguns dias há diferença de minutos, para chegar exatamente em 24 horas, enquanto o relógio nos dirá que se passaram exatamente 24 hs. Ah! 1 minuto não é nada, sim ok, se fosse só este minuto tudo bem, mas as diferenças se somam e chegam a representar em certos momentos do ano, semanas de diferença, vindo paulatinamente a se ajustarem nos momentos de Solstício, quando esta mesma observação chega a ser exatamente 24 horas do relógio humano. Filosoficamente podemos constatar então que o movimento da natureza é observado pelo homem, que de acordo com sua cultura (lente) da época traduz o que vê e projeta , através da racionalização (pensamento/mente) no seu cotidiano, assim como o projetor que reflete as imagens na tela do cinema e nos faz interagir emocionalmente com as cenas observadas, como se estivéssemos de fato vivendo aquilo. A humanidade desde os primórdios, viveu inúmeras fases culturais, e não raro, crenças foram construídas a fim de envolver a população à favor dos governantes, após conquistas territoriais, e sabemos que a religião na antiguidade se confundia com o poder estabelecido. Simbolicamente a tradição de conhecimento universal traduz esta situação de reflexo, desde os primórdios, como a figura da “imagem”, seja nos personagens da Astrologia, do Tarô, as Sephirots na árvore da vida da Kabalah, entre outros oráculos e escrituras. Na cultura popular podemos observar as mensagens subliminares nas estórias, através do uso do “espelho”.
Os cultos solares atravessaram a civilização Suméria e estima-se que em aproximadamente 1600 a.C., época em que viveu Abraão, estavam em seu apogeu, com o culto a Rá no Egito e região. Porém, ao nascer e se implantar a ideia do monoteísmo, com o surgimento das religiões monoteístas e posteriormente o avanço do Império Romano sobre o território sumério e egípcio, que se tornou uma província do Império Romano , o culto ao Sol passou a ser considerado culto pagão e os deuses que representavam este culto, na época de Constantino, foram transformados em deuses cristãos. Afinal o que há de melhor para se esquecer uma ideia do que sobrepor outra em cima?
No entanto, ritualisticamente é necessário considerar-se ainda as energias da natureza que envolvem a ocasião, portanto, como no Solstício, o Sol literalmente aparenta "parar" (em torno de três dias) por conta de iniciar o movimento de "subida" no analema (no caso do Solstício de verão, do ponto de vista do hemisfério Sul, ou de Inverno, do ponto de vista do hemisfério Norte) chegando ao seu ápice no Solstício de Inverno (também do ponto de vista do hemisfério Sul ou vice-versa), é conveniente a crença de que simbolicamente qualquer Deus que o represente, no mundo moderno, parta para a ascensão à essência (eternidade), após três dias. (Solstício significa: Sol parado)