A gente vive a maior parte do tempo da vida, em função do social, porém cada vez mais cedo ficamos aptos a "observar diretamente". O referencial vigente alimentou a necessidade de um processo progressivo ao longo da vida até podermos "expandir" a consciência. O processo da vida talvez não se altere, mas vamos cada vez mais vivê-lo conscientes e antecipando a "transcendência" do pensamento. O que é captado pelos sentidos e projetado na mente assemelha-se ao filme projetado pela lente na tela da sala do cinema, pois ao eliminar-se a lente de projeção, tanto num quanto noutro, só restará a tela inerte. E isto não significa simplesmente viver a partir de uma mente vazia. A lente subjetiva que projeta a história é formada pelo conjunto de condicionamentos aos quais somos submetidos desde a infância (assim como a lente do cinema projeta uma sequência organizada de slides que produz o filme), e dos quais em síntese atualizamos os nossos referenciais, através do pensamento sobre as experiências que vivemos. Portanto, o que o ser humano sente, pensa, diz ou faz não tem valor intrínseco em si mesmo, mas recebe o valor ou o desvalor em função daquilo que é consciente, ou seja, em função da lente pela qual observa (0001 ou 1000). No entanto, na experiência em si, através dos cinco sentidos, o ser humano não encontra um divisor entre um eu interior e o meio ambiente, como algo externo a si mesmo, a não ser pelo pensamento projetado como um reflexo do que apenas é. Experimente! Ao ouvir um som, procure ater-se apenas à música. Observe: -Há alguma divisa entre a música que ouve e quem ouve? Atenha-se apenas a experiência em si, não pense sobre! Consegue dizer até onde vai quem escuta e a música? Isto demonstra que somos a própria música, enquanto experiência, ou seja que somos a própria experiência. Mas e a lente? Ora, o oceano procuraria água? Se sou a experiência e esta sabe de si mesma porque procuraria um "eu interior" para traduzir a experiência? Isso indica que o "eu interior", ...a "lente", é apenas pensamento, e que Ser é viver a experiência, ... o fluxo natural da vida em si.
A verdade dele, a verdade dela! Cada um vive a sua realidade subjetivamente, e mesmo alguém apontando com palavras para uma "verdade", não salvará ninguém, afinal cada um, se aprimora da avaliação entre o parco reflexo que enxerga de si na tela mental e o resultado do que experiencia na vivência. Mesmo quem apenas é, precisa ou precisou desta auto-avaliação para deixar de viver alienado. Quanto à verdade em si, não se pode saber quem de fato a vive, pois cada um segundo o seu próprio referencial estará certo. Sendo que vive e usufrui a sua subjetividade. E se nesta subjetividade ao observar, for sentido no coração um ímpeto à mudança, é isto que importa. Assim, a consciência da alienação e suas ramificações pode no silêncio de Ser ajudar subjetivamente a transcende-la. O pensamento é mutável e flutua entre medos e desejos que brotam quando olho para frente e medos e desejos mal resolvidos 'ou não' que brotam ao olhar para trás. Quanto mais consciente de que o que vi atrás se liga com o que vejo na frente e portanto é UM. Mais posso agir de outra forma no presente (no silêncio da consciência de Ser) e alterar tanto o que ficou atrás quanto o que virá a frente.
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