terça-feira, 18 de outubro de 2011

Drama inconsciente x alimento emocional


Um  terapeuta escutava sua paciente contar como ocorreram as suas separações conjugais, para compreender se havia algum motivo recorrente que a tornasse refém de algum hábito ou drama de controle, que influenciasse nos seus relacionamentos...  –No primeiro casamento, peguei algumas vezes o elevador no térreo do prédio no horário em que meu marido chegava do trabalho e coincidência ou não, uma linda vizinha sempre estava dentro. Até que não pude agüentar e chutei o balde. Assim, foi o fim de meu primeiro casamento. -No segundo casamento, tinha o hábito de ficar olhando pela janela a saída de meu marido do escritório, já que trabalhava num escritório na Av. paulista, num prédio em frente ao do escritório dele. E comecei a perceber a freqüência em que uma colega sua de departamento saía junto para almoçarem no mesmo restaurante. Ligava para ele à tarde, questionando o porque desta pessoa sempre ir junto almoçar, e ele dizia que ela fazia parte do grupo de seu departamento que gostava de almoçar no 7’Bello, um ótimo restaurante da região. Até que um dia não agüentei mais e numa discussão terrível, acabamos o relacionamento. E o pior é continuar vendo-o saindo para almoçar com aquela garota que hoje leva o namorado junto, um outro rapaz do mesmo departamento. Quando vejo uma situação que me leve a supor um possível envolvimento da pessoa com quem me relaciono, com outra pessoa, algo toma conta de mim e é como se visse a cena dele tendo um caso com alguém, então começo a questionar, a investigar, e a emoção que sinto parece alimentar algo dentro de mim, que não sei ao certo o porque, mas que acaba me saciando de algo e quando percebo, já estou sentindo de novo por outra pessoa. Como por exemplo, o que venho sentindo pelo meu atual marido. Outro dia, num final de semana, desci no playground do condomínio e ele estava dando uma abraço de despedida numa vizinha, que dias antes ficara conversando com ele na sala de ginástica, ...pronto, foi o suficiente para começar a ficar mais atenta, e começa a crescer uma emoção que me faz querer investigar, então começo a questionar, sondar, até que percebo que ele se sente culpado, então, vou questionando e a vida conjugal, neste meio tempo já está um caos. Dra. O que faço? Gostaria de compreender o que sinto, afinal, nunca tenho certeza do porque acabei encerrando o relacionamento, e fico com a impressão de que tudo não passou de imaginação!  -Fique tranqüila, Marcella; Vamos tomar consciência de alguns roteiros mentais que podem ter começado na infância. –Como era o seu relacionamento com sua mãe? (Pergunta a terapeuta) – Bem, não era assim uma Brastemp, mas convivíamos bem... Havia algo que considerasse relevante entre vc e sua mãe? –Sim, ...na verdade, sentia ela distante. Éramos em três irmãs em casa, e sou a filha do meio. Como meu pai faleceu muito cedo, sentia muita necessidade de estar com minha mãe, no entanto, as atenções sempre eram para minha irmã mais velha  ou para a mais nova... –Sei !(pausou a terapeuta) e como vc superou esta carência afetiva? (Complementou) – Ah!! Sempre tive muito carinho por minha tia, que se sentia só, já que os filhos já haviam casado, uma incrível pessoa, e quando dei por mim estava me relacionando tanto com ela, indo à sua casa, passeando, brincando, jogando, que acabei adotando-a como mãe. -Vivi, portanto, grande parte de minha adolescência, na companhia de minha tia. Ok! (pausou a Terapeuta) -e sua mãe? como lidava com isso? (Emendou)... Hum! Morria de ciúme!!! Certo!! (disse a terapeuta) E vc percebia isso? (emendou) – Sim! E comecei a perceber que era uma forma de conseguir um pouco mais de sua atenção, e quando sentia que conseguia, aí que provocava ainda mais, ficando junto de minha tia. Certo! (pontuou a terapeuta) – E esta emoção (de quando conseguia a atenção dela) era como um alimento, te preenchia não é mesmo?!! (Emendou) – Sim!!! E como foi sua relação com seus namorados, nesta época? (Perguntou a terapeuta) -Bem, quando gostava de alguém e percebia que o romance estava esfriando, sempre dava um jeito de fazê-lo ficar com ciúme, e assim, conseguia sua atenção . Ta certo! (Pausou a terapeuta) ... Esta semana vamos ficar por aqui, mas quero que reflita sobre esta emoção que sentia quando conseguia a atenção de sua mãe, e se sentia algo parecido quando usava do mesmo artifício com algum namorado. –Não diga nada agora, apenas reflita durante a semana , procurando sentir se há alguma relação entre as duas situações...  Até a próxima semana!!!

 " O primeiro passo no processo de esclarecimento para cada um de nós é trazer o nosso drama de controle pessoal à plena consciência. Nada pode prosseguir enquanto não olharmos de fato para nós mesmos e descobrirmos o que estamos fazendo para manipular em busca de energia.
Cada um de nós tem de voltar ao próprio passado, ao centro da vida familiar inicial, e observar como se formou este hábito. Ver a gestação disso mantém consciente nossa maneira de controlar. Lembre-se, a maior parte dos membros de nossa família tinha um drama próprio, tentando extrair energia de nós quando crianças. Por isso é que tivemos que criar uma forma de drama de controle, para começar. Tivemos de criar uma estratégia para recuperar a energia. É sempre na relação com os membros da família que criamos nossos dramas particulares.Contudo, assim que reconhecemos as dinâmicas de energia familiares, podemos nos distanciar dessas estratégias de controle e ver o que realmente está acontecendo. -Que quer dizer: Realmente acontecendo? Cada pessoa tem de reinterpretar a experiência familiar de um ponto de vista evolutivo, espiritual, e descobrir quem é ela própria na realidade. Assim que fazemos isso, nosso drama de controle desaparece e nossas vidas reais decolam. Então, entenda primeiro como começou seu drama! (...)
  Todos manipulam em busca de energia, ou de uma maneira agressiva, direta, forçando as pessoas a prestar atenção neles, ou de uma maneira passiva, jogando com a simpatia ou curiosidade das pessoas para chamar a atenção. (...)Reflita.... Nunca se viu com alguém que o(a) faz se sentir culpado(a) qdo está em presença dele(a), mesmo sabendo q não existe nenhum motivo para se sentir assim? (...)Algumas pessoas usam mais de um estilo em diferentes circunstâncias, mas a maioria de nós tem um drama de controle dominante, que tentamos repetir, dependendo de qual funcionava bem com os membros de nossa família inicial. “ (James Redfield)

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