Agente vive escrevendo e se referindo às emoções e sentimentos como algo que acaba direcionando muitas de nossas atitudes no dia a dia, e que quando condicionadas, podem nos causar uma vida afastada de nossa verdadeira natureza. Mas o que vem a ser emoção e sentimento? Como elas surgem em meio a tanta informação movimentada pelo nosso cérebro? E, porque estariam ligadas à condução de nossas atitudes no dia a dia? Se a gente foca algumas emoções básicas, do tipo : medo, raiva, felicidade, surpresa, repugnância, e verifica algumas pesquisas de neurocientistas, vamos constatar que tendo aparecido desde os primeiros primatas, são consideradas, portanto, universais. Emoções, fruto de adaptações de indivíduos, em relação a sua sobrevivência no meio, originadas no sistema límbico. Fisiologicamente, todas as entradas sensoriais do corpo são enviadas para a amigdala e para o cortex, através do tálamo, ou seja, a amigdala aproxima duas estruturas no sistema limbico e o emocional funciona como filtro para as informações sensoriais, em especial: o medo. Em função do conteúdo emocional existente numa informação, a amígdala avalia e prioriza a entrada da informação, enviando imediatamente aos neurotransmissores sinais que vem de várias partes do cérebro (tais como hipotálamo) e do corpo (tais como coração) para agir. E, embora possa ocorrer um efeito de curto circuito no cérebro, em função do processamento mais lento por parte dos gânglios do neocortex em relação ao do trabalho da amigdala, tais informações sensoriais são enviadas também a outras partes do cérebro como gânglios basais e do neocortex, onde o conhecimento e a memória são acessados e incorporados na avaliação sensorial de entrada. Assim, esta combinação de fatores de produção com fatores de avaliação daquelas informações sensoriais atingem um nível de consciência e as emoções se tornam "sentimento". Podendo-se então concluir que emoções e sentimentos são distintos, uma vez que, enquanto as emoções são instintivas e autônomas, os sentimentos não, pois eles são conscientes e discriminatórios, sendo baseados na memória, no conhecimento e na autobiografia do indivíduo. Aqui, pegando uma carona com a emoção básica do medo, cabe ressaltar quando somos condicionados desde a infância por uma educação não muito consciente (até por falta de informação), a sentir medo e travar, sem buscar a solução para o desafio proposto, uma vez que, somos acostumados pelas pessoas a nossa volta a resolverem por nós os desafios, afinal com a constância que isto ocorre, a emoção básica, se tornará no sentimento: medo, e toda vez que nos depararmos com uma situação desafio, tenderemos a travar, até que sozinhos possamos aprender com as lições que a vida nos tráz. O que não ocorrerá com quem foi condicionado a resolver os desafios, não obstante a sensação (enquanto emoção) de medo. E assim, inúmeras emoções são tabuladas subjetivamente em cada um de nós, o que se refletirá no futuro, com a chegada da vida adulta e a necessidade de caminhar com as próprias pernas. Por outro lado, certa vez ouvi o Dr. Deepak Chopra comentar que perceber nossa reação emocional ao receber uma determinada informação, antes de que os pensamentos possam avalia-la, é a forma mais eficaz de interpretar o que realmente sentimos sobre aquilo, pois ainda não passou pela memória condicionada. Agora é possível compreender melhor o que ele disse, uma vez que já nascemos com mecanismos neurais apropriados para responder a estímulos sensoriais, sejam autônomos ou somáticos, o que se reflete em respostas corporais a cada emoção, mesmo quando somos ainda nenes. Estas respostas poderão ser chamadas de "Negativas": quando limitam o processamento de imagens e a eficiência do raciocínio, mas que permite o corpo a chamar a atenção para o objeto que está causando a emoção (Ex.: raiva); ou, "Positivas" : estados reforçados que geram rapidamente diversas imagens e raciocínio acelerados, não necessariamente eficientes ( a Felicidade por exemplo). Existem regiões específicas para avaliar, por exemplo, a ocorrência de um sorriso delineando claramente a diferença entre o verdadeiro ou emocional do de sentimento artificial. Ao longo da vida, aquilo que é objeto de nossa observação e vivência vai sendo percebido pelos sentidos, avaliado e marcado como "positivo" ou "negativo" para conteúdo emocional. Pois estas marcações podem ser feitas antes por scripts neurais ou scripts corporais associados ao objeto, geralmente baseados nas associações instintivas. Esses marcadores somáticos ou emocionais não tomam decisões, porém orientam as nossas decisões por ajudarem-nos a focar a atenção em determinados aspectos do ambiente, o que reforça a qualidade do raciocínio, e teoricamente a adequação de nossas respostas. Integrar corpo e mente significa portanto, conectar o corpo a suas emoções e sentimentos através da consciência, função natural do cérebro. Desta forma vamos despertar para o fato de que emoções inconscientes são criadas por estados físicos enquanto o sentimento consciente surge em função dos scripts ou mapas neurais que são baseados na repetição de estados no corpo em reação às emoções. Conclui-se ainda que sentimentos são cognitivos pois dependem de atividades e funções desenvolvidas dentro do cérebro e que este possui as emoções e sentimentos influenciando cada função, assim, conclui-se finalmente que a cognição não pode ser examinada sem o grupo das emoções. ( Isto foi especialmente verificado por António Damásio neurocientista português que observou o comportamento em pacientes com lesões no cortex pré-frontal, o que lhe permitiu concluir que, embora a capacidade intelectual deles se mantivesse intacta, eles apresentavam mudanças constantes no comportamento social, assim como, incapacidade de estabelecer e respeitar regras sociais. ) Sinto que, quando tratamos de assuntos sobre "despertar do condicionamento", em especial, estamos visando tomar consciência destes "sentimentos" formados desde a infância, afim de rever os scripts que os configuraram, visando perceber que este "eu" (psicológico) é formado em cima destes scripts frutos do meio, e portanto, que podem ser trabalhados e reconfigurados de forma que possamos integrar corpo e mente, agindo em função do que naturalmente sentimos, através das emoções.
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