As Tradições sobrevivem ao passar do tempo pela transmissão de seus ensinamentos aos seus simpatizantes, e com a tradição esotérica ocorre o mesmo. Na antiguidade formaram escolas de mistérios onde quem possuía aptidão para enxergar e compreender o simbolismo oculto nas palavras e escrituras eram iniciados em estudos mais profundos do saber. Assim, hoje em dia com a abertura do conhecimento à população, estudado e difundido por grandes nomes da filosofia e psicologia contemporânea, como Platão, Freud e Jung, é possível se ter acesso a muitos símbolos estudados e compreendidos outrora, mas assim mesmo, apenas quem "tiver olhos para enxergar" o que está por trás das palavras e escrituras poderá desenvolver a síntese da mensagem esotérica. Deste modo, destaquemos por exemplo a "energia vital", chamada mais tarde por Freud de Libido, e através da simbologia contida nas escrituras, teremos a descrição de sua origem no ceio da humanidade, através do "pecado original". Para tanto, vejamos a etmologia da palavra ELOHIM, que significa "elevado", no sentido de "uno ao divino", de onde se origina a concepção do "anjo" muito utilizada em nossos dias.
EL => Deus em hebraico, sentido masculino; ELOAH, a forma feminina do mesmo radical EL, significa Deusa;
ELOHIN é o plural e por isso significa Deuses e Deusas (masculino e feminino), o que sugere um Ser elevado andrógeno ou que contém energia masculina e feminina; No Hinduismo isto se reflete no Deus Shiva.
Nas escrituras, o anjo (uno ao divino) que dirigiu a criação chamava-se Jehovah, um outro nome para "Deus", formado por 4 letras hebraicas: Iod, He, Vau, He;
Iod pode ser traduzido como "masculino" ou "falo" ; Heva ou Heve pode ser traduzido como "feminino", "mãe", ou "útero"; Assim sendo, mesmo o nome Jeovah contém a força das energias masculina e feminina contida em sua origem. Ora, Elohim, o anjo Jehovah, formou o homem à sua própria imagem, e portanto, munido das energias masculina e feminina.
Contam as escrituras que o anjo plantou um jardim no Éden, que significa: Paraíso de perfeição ou energia pura (Ser), ao lado Leste e lá colocou o homem que havia formado. Cabe destacar que, nunca existiu no mundo manifesto tridimensional um local físico denominado Éden, ou seja, geograficamente havia um lugar físico localizado na mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, onde foi criada uma escola de Mistérios com este nome, fundada por Caldeus, mas não se refere ao Jardim do Éden do Gênesis. Por reflexo de Deus (Ser de energia pura) a humanidade personificou as sete virtudes da alma: Altruismo, ação reta, castidade, humildade, amor, Felicidade pelo próximo e temperança.
A Tradição esotérica nos chama a atenção para a existência de sete dimensões principais, representadas pela escada de Jacó, sendo que a quarta dimensão seria o espaço da energia vital, e portanto um nível sutil da existência, local onde simbolicamente Adão(energia masculina) foi inserido, por isso a antropologia não tem provas da existência de Adão que representa ainda a origem da humanidade. Eva (energia feminina) teria surgido, portanto, pela elevação espiritual de Adão, ocorrendo a separação para que pudessem se conhecer mutuamente, gerando a energia vital posteriormente, com sua união. Sendo que desde aquele tempo os dois buscam a união perdida (Adão=energia masculina e Eva =energia feminina), razão da ânsia pela conexão sexual. Reparemos que durante a vida na terceira dimensão, ao se tornar independente e abandonar pai e mãe os filhos se unem ao sexo oposto dada a ânsia sexual.
No jardim do Éden brotaram da mesma raiz duas árvores: a árvore da vida e a árvore do conhecimento (do bem e do mal). A árvore da vida é um símbolo antigo de significado universal que aparece em várias culturas esotéricas, por exemplo, como a árvore que Moisés viu queimar no Monte Sinai, a árvore sob a qual Buda se iluminou, a árvore de Natal iluminada na tradição germânica, entre outros; No Judaismo, a ciência da árvore da vida é chamada : Kabbalah e simboliza a estrutura da alma e da criação. No sentido da alma, simbolizava que Adão (energia masculina) e Eva (energia feminina) gozavam do benefício de permanecerem na "Bem aventurança" com a consciência desperta, unos ao divino (energia pura), livres para comer dos seus frutos, ou seja, dos frutos da ciência divina: vida, sustento e sabedoria, com a raiz na dimensão da energia pura (reino superior da Kabbalah).A árvore do conhecimento (Gnosis do grego/ Daath do hebraico) era de mesma raíz, porém desta, Adão (energia masculina) e Eva (energia feminina) não podiam comer os frutos e se alimentar, pois simbolicamente isto representaria sua morte espiritual( perda da consciência da quarta dimensão). Portanto, até aquele momento, não havia permissão para se ter filhos por conta própria, o que simbolicamente ocorreria como resultado de comer os frutos da árvore do conhecimento. No entanto, nesta árvore havia a presença de uma serpente, que simbolicamente representa a figura da "Tentação", e consequentemente tentados, como representantes da humanidade, Adão e Eva escolheram dar vazão ao desejo e procriar por conta própria. Os filhos representam os frutos da sexualidade. Ao aprender a procriar sem a orientação de um Ser elevado (Elohim) tomaram consciência do orgasmo, e portanto, da produção de energia (união da energia feminina com a masculina) para fins da criação da humanidade por conta própria, sendo que na perfeição ou dimensão de energia pura, ignoravam este conhecimento. Energia masculina + energia feminina = energia vital, versão esotérica para o fundamento da trindade, ressaltada pelas religiões (Pai+filho=>espírito santo (Cristãos); Binah+Chokmah=>Kether (Judaico/Kabbalah); Vishnu+Shiva=>Brahma(Hindu); Osíris+Isis=>Órus (Egípcio)), ou seja, três que se expressam no UM, que para criar o UM se divide a si próprio (sua semelhança), em dois: Masculino(Pai=Adão) + Feminino(Mãe=Eva) => Espírito puro (fogo fecundante de Deus).
Veja que na Índia, Shiva Shakti é o poder criador e destruidor;
Sendo assim, podemos perceber que segundo a tradição esotérica, o conhecimento que foi adquirido com a tentação e o desejo de provar do fruto proibido, foi a capacidade de gerar energia vital (força que aciona todos os níveis da existência) para a criação da humanidade por conta própria. Esta energia vital, posteriormente foi chamada por Freud de Libido. No entanto, deste conhecimento surgiu uma outra questão: o desperdício do sêmen produzido pelo orgasmo, em função da união entre homem e mulher, desperdiça energia vital ou de criação de um Ser, ou seja, um orgasmo através do sexo, expulsa energia vital saboreando a energia divina que ilumina a alma, mas se utilizada apenas para sensações físicas, não alcançará o sublime fim da criação, e portanto, se tornará impuro. Simbolicamente, nas escrituras, quando Adão e Eva provaram da fruta proibida (orgasmo) para fins físicos, quebraram a regra que havia na quarta dimensão, cuja energia é pura, sem mácula, daí o termo "imaculada concepção". Como a energia sexual está conectada à energia vital, que sustenta o indivíduo com a saúde da psique e do corpo físico, seria importante que fosse utilizada eficientemente, afinal, mantém a vitalidade física e sutil que une a humanidade ao divino. Por outro lado, sem a energia sexual, através do desejo, a alma se atrofiaria, quebrando a conexão com Deus, portanto, ao expelir a energia, através do orgasmo, sem a concepção comprometemos a capacidade de conexão com a dimensão da energia pura em nós ou Deus. Considerando que o gatilho para a criação da humanidade, que sofre em busca da união da energia masculina e feminina perdida com a separação, como vimos, é o desejo, surgiu simbolicamente na Tradição esotérica a compreensão de que "o desejo sempre nos conduziria ao sofrimento". Desejo seria sinônimo de ambição, e isto é sofrimento,e esta é a mensagem da maioria das grandes religiões originadas pelo homem. Assim, desprovidos da energia pura, Adão e Eva acabam caindo da quarta dimensão (de energia pura) para a terceira dimensão, o que é simbolizado pela passagem nas escrituras onde são expulsos do Éden (Paraíso da quarta dimensão), indo vagar penosamente pelo sofrimento e ignorância (espiritual). Procriando por conta própria, Adão e Eva desequilibraram sua energia e estimularam a origem das sete virtudes invertidas, ou dos sete pecados capitais: Luxúria, Orgulho, Raiva/ódio, Preguiça, Gula, Ganância e Inveja. A alma imersa no Éden (quarta dimensão), representava a perfeição da energia vital, o Ser puro, sem mácula, mas na terceira dimensão, a alma se defrontou com um vazio existencial e o reflexo da busca por se tornar UNO á energia pura internamente, estimulou externamente a humanidade a criar as ideias, as civilizações, as religiões, o mundo material, e consequentemente, a desenvolver a mente na busca pela felicidade no meio em que vive, sobrepondo e distanciando-se cada vez mais da conexão com a energia pura interiormente (verdadeira felicidade), uma vez que esta já estaria dentro de nós, porém, agora, como uma faísca velada. Sendo assim, considerando que a tentação na terceira dimensão se da pelo prazer material (serpente descendente), para a conexão com a energia pura(verdadeira felicidade), torna-se necessário estimular a força de vontade no sentido positivo (serpente ascendente), que pressupõe a consciência do aspecto ilusório da mente, no sentido de busca da felicidade através do meio externo, enquanto se experiencia a vida.
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