domingo, 4 de maio de 2014

Perspectivas pós eleição presidencial, no Brasil



(SÍNTESE - últimos dois anos )



ANO....PIB(R$).....DÍV PÚB (R$)....... AMORT/JUROS/D+(R$).......SUP P.(R$)                       ......................INTERNA....EXTERNA..TOTAL.........................................................................

2012...4,4TRI...1,91TRI .....91,2BI ...2,00 TRI..618,88BI/134,53BI......88,5 BI (2,01% DO PIB)..........

2013...4,84TRI.1,95TRI ..160,28BI ..2,12 TRI ..784,40BI/249BI..........77,0 BI (1,60% DO PIB)..........

2014...................................................................................................99,0 BI (1,90% DO PIB)*

*META PREVISTA

ORÇAMENTO PREVISTO PARA 2013=> R$2.250,90 (TRI)


CERCA DE 42% DO ORÇAMENTO FOI DESTINADO EM 2013 PELO GOVERNO FEDERAL PARA PAGAMENTO DE AMORTIZAÇÕES, OUTRAS PROGRAMAÇÕES DE DÍVIDAS E JUROS DA DÍVIDA PÚBLICA(EM 2012 FOI 43,98%), SENDO 5% APENAS PARA JUROS; COMO O VALOR DESTINADO PARA O PAGAMENTO DOS JUROS (SUPERÁVIT PRIMÁRIO) NÃO ALCANÇA O VALOR  EQUIVALENTE AOS JUROS DEVIDOS, EM FUNÇÃO DA DÍVIDA, O GOVERNO PAGA UMA PARTE E A OUTRA ROLA A DÍVIDA NO MERCADO DE TÍTULOS, PAGANDO CARO (COM SPREAD) PELA ALTA DOS JUROS E EMITINDO TÍTULOS PARA PAGAMENTO A POSTERIORE (SOBERANOS), O QUE AUMENTA A DÍVIDA PÚBLICA (PAPÉIS PRÉ-FIXADOS=43,3%; TÍTULOS ATRELADOS A TAXA SELIC (PAPÉIS PÓS FIXADOS) = 11,35%; PAPÉIS ATRELADOS AOS ÍNDICES DE INFLAÇÃO= 36,14%; PAPÉIS ATRELADOS A VARIAÇÃO DA TX DE CÂMBIO=9,22%; EMISSÃO DE TÍTULOS DE SWAP CAMBIAL PELO BANCO CENTRAL PARA EVITAR  A DESVALORIZAÇÃO DO REAL OU A VALORIZAÇÃO DA MOEDA AMERICANA)



O SUPERAVIT (ESFORÇO PARA PAGAR OS JUROS DA DÍVIDA) SÓ É POSSÍVEL SE O QUE OS GOVERNOS(FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL) ARRECADAREM COM impostos e itens extraordinários (como receita de privatizações e concessões) for bem administrado e o gasto for enxuto.



A família Brasil hoje, é como a família que poderia ter comprado uma casa, com suas economias no final do mês, e no entanto, gasta a revelia, incorporando às suas despesas, pagamento de parcelas de empréstimos a altas de taxas de juros (no caso do Brasil em forma de Títulos), que portanto, farão parte das despesas gerais, inviabilizando o crescimento sustentável e a compra da casa, (no caso do Brasil: infra-estrutura = modernização de portos, rodovias, ferrovias, hidrovias, EDUCAÇÃO, etc) já que o que sobra, mal da para pagar os juros dos empréstimos. Assim, rola a dívida (faz mais empréstimos) ficando sem ter poupança para investir e comprar a casa, que quando quitada se tornaria um benefício para a família, agregando valor ao patrimônio e diminuindo os custos.

As bases macroeconômicas e o risco do descontrole

FHC quando entregou a economia do Brasil saneada ao governo Lula, o fez estabilizando-a através de bases macroeconômicas: Controle do déficit público (arrecadação do governo x gastos públicos, com a criação da lei de responsabilidade fiscal dos estados com o governo federal, e quando há déficit, gera a emissão de títulos públicos que atraem investidores, ja que há proibição por lei para injeção de moeda por emissão pelo Banco Central (investimentos diretos e investidores especulativos) o que ajuda a cobrir o rombo pelo déficit mas aumenta a dívida pública); Política de câmbio flutuante(possibilitando que o fluxo de investimentos  de capital externo no mercado o regule, propiciando a valorização do Real, com a entrada/injeção de capital ou vice-versa (o que se reflete na  exportação maior ou menor de produtos, conforme o câmbio).  A injeção de dinheiro no mercado hoje também é feita via estímulos de demanda com redução de IPI, etc, mas carece de um controle da tx de juros, pois gera inflação); Superávit da conta corrente (Exportações maiores que as importações do país ,que  faz o governo ter mais dólares para pagar a dívida externa);

No contexto daquela época, estas bases estabilizaram a economia reduzindo a inflação, que passou a ser administrada por metas, e possibilitavam que fossem feitos investimentos em infra -estrutura para que com a estabilidade econômica o país pudesse colher em mais alguns anos, os frutos deste trabalho de estímulo à produção da indústria e com a possibilidade de escoamento fácil da produção, dada a maior capacidade industrial; no campo, pela maior capacidade de exportação da produção, e nos serviços, pelo grande estímulo ao empreendedorismo, afim de que o Brasil pudesse aumentar o ganho também pelo resultado com trabalho e consequentemente, aumento do PIB (Produto Interno Bruto), possibilitando inclusive que fossem feitas as reformas política, fiscal e tributária. Só que o governo petista, surfou na bonança que foi em função do crescimento da economia chinesa e das crises americanas e européia (que possibilitou superávit comercial, já que de 2004 a 2011 com a alta do preço no mercado internacional das commodities que o Brasil exporta = soja, café, laranja, etc só para ficar com algumas agrícolas, e a entrada de grande volume de capital externo durante este período, atraído pelas nossas taxas de juros  ajudaram a financiar a demanda interna), adotando uma política de acordos políticos num toma lá da cá de cargos e verbas, assistencialismos, elevando a dívida pública (interna+externa) e medidas políticas e eleitoreiras para se perpetuar no poder e não fez a lição de casa que já era urgente há 13 anos atrás, então vamos ter que sofrer as consequências, pois agora a China puxou o freio na sua economia e os EUA estão saindo da crise, diminuindo o fluxo de dólares no mercado internacional para atrair investidores (aqueles que estavam investindo no Brasil).

No final do governo atual, o que estamos assistindo para piorar o quadro da estabilidade econômica conquistada a duras penas é uma jogada no tabuleiro equivocada, já que ao decidir não reajustar os preços  administrados pelo governo (que é o caso da gasolina e energia elétrica), bem como a tarifa de transporte público, em função das pressões em manifestações sociais do ano passado, represa a inflação tentando mantê-la dentro da expectativa (meta) para fins de imagem com a opinião pública, num sentido eleitoreiro , o que gerará a necessidade de no próximo ano realizar um forte reajuste nestes preços.  Sem contar que descontrola a inflação, que maquiada não reflete a verdade na política do sistema de preços. Pra se ter uma ideia, se fôssemos considerar os aumentos da energia elétrica, combustível e das passagens de transporte público (Já necessários), a inflação já estaria acima de 7% ao ano.

De 2015 em diante, independente do governo que assuma, devemos começar a sentir os efeitos de uma década do governo petista, cuja grande contribuição é distribuir mais renda à população de baixa renda (só não se sabe até quando, sem estrutura para que as indústrias possam gerar empregos, já que os custos trabalhistas e logísticos continuam aumentando, assim como a inflação).



"A maioria dos economistas presentes na reunião do IEDi (Instituto Teotônio Vilela) em 2006, embora pertencendo a escolas diversas e tendo participado de diferentes governos, parece convencida de que o tripé composto por câmbio flutuantemetas da inflação eLei de Responsabilidade Fiscal é o mecanismo mais adequado para enfrentar os desafios da sustentação do crescimento e da estabilidade num mundo globalizado." (Fernando Henrique Cardoso)

É na prática que uma ideologia é testada

Vem bem a calhar a situação atual da economia no tocante à concepção da política de preços, já que o partido que elegeu a atual presidente no Brasil sempre atacou outros partidos, com base numa ideologia que visa o estado ter autonomia de intervir e administrar preços, controlando-os conforme sua necessidade. Chamando quem defendesse a concepção da política de formação dos preços, de acordo com o mercado, de neoliberal. Ou seja, ao assumir uma ideologia e adotar posturas e atitudes que já sabia-se a, pelo menos uma década, que estavam defasadas, com base na experiência econômica mundial, e começando a colher maus resultados, o governo começa a rever sua postura e iniciar o ajuste de alguns preços controlados, em função de sua intervenção, para acompanhar o mercado, se não quiser aumentar o estrago que sua crença atrasada causou. Um aprendizado que será cada vez mais dolorido para o trabalhador, que para variar, terá que pagar a conta, e de uma vez ou em doses amargas, já que em alguns setores os mesmos foram controlados para tentar segurar a crescente inflação, principalmente num ano de eleição presidencial. É a vida prática ensinando que nem sempre ideologias adotadas, em função de ser de tendência esquerda ou direita são acertadas, frente ao que se tem que fazer de fato para manter a economia de um país saudável. O melhor exemplo prático é o que vem ocorrendo com o setor elétrico no Brasil. Em 2012, quando a presidente definiu uma redução de 20% das tarifas de energia elétrica (MP 605/2013),com um grande alarde nas mídias, imaginou que como a maioria das concessões das hidrelétricas estariam para vencer, com esta redução naquele momento, a renovação só seria admitida com a redução das tarifas imposta pelo governo, só que algumas geradoras de energia não aceitaram a regra e foram vender seus quilowatts no mercado livre (spot). Ao chegar a seca, consequentemente a queda dos reservatórios de água e a necessidade de acionar usinas termoelétricas, que hoje são responsáveis por um terço da oferta de energia elétrica no Brasil, o resultado foi que os preços da energia elétrica explodiram porque com a saída daquelas geradoras, a oferta ficou menor do que a demanda. Isso ocorre porque, embora os preços de um produto sejam compostos pelos seus respectivos custos de produção, a regra de oferta e demanda(procura) se sobrepõe na formação de preços de qualquer produto, em qualquer mercado. Basta verificar em nossa geladeira o preço do tomate, entre outros, como subiu e se regulou, em função da escassez no mercado, em função dos problemas na ocasião da plantação/colheita. Este raciocínio se aplicará também aos combustíveis que também estão sendo administrados, entre outros produtos. O reajuste de 15% a 30% nas tarifas ao consumidor para a energia elétrica, autorizados recentemente pelo governo,  deve-se apenas a defasagem de custos passados, e portanto, implicarão em novos reajustes, o que também deverá ocorrer em breve com os combustíveis, e consequentemente, com as tarifas de transporte, congeladas desde as manifestações (não é só por R$0,20), elevando num curto espaço de tempo a inflação a dois dígitos. No setor elétrico, tabelou-se inclusive a Taxa Interna de Retorno dos Investimentos (Margem de lucro), fixado para as novas concessões de energia. E desta forma observamos que foi fácil atacar os outros partidos e profissionais, de maneira a ganhar a simpatia do eleitor, criando frases prontas para ludibriar o trabalhador leigo no assunto, quando na verdade "aqueles" tiveram que adotar medidas, muitas vezes impopulares, respeitando todo este estado de coisas, para manter a economia sobre equilíbrio, que pelo andar da carruagem, já se perdeu.  Aprendizado para o trabalhador brasileiro, que talvez nem esteja se dando conta da situação em que o país se encontra, preocupado e focado em tentar pagar as contas no dia de receber o salário, que será cada vez menor, com a volta da inflação.

Perspectivas da Balança Comercial

Com a Inflação crescendo (mesmo que mascarada), Superavit primário com dificuldade dado os excessivos gastos do governo, é bom dar uma olhada na balança comercial, para avaliar as perspectivas a médio/longo prazo, com relação à possibilidade de queda do superavit, e considerando que o estado de São Paulo representa 40% das exportações da federação, olhando como estão as exportações de suas regiões, podemos perceber que, no tocante aos automóveis (produto manufaturado) em função de decisões do governo federal, com relação ao estímulo do MERCOSUL, o Brasil acabou reduzindo mercados como o dos EUA para focar mais a Argentina na América do Sul, assim como, ocorre também com os calçados, só que a Argentina passa por uma profunda crise e reduziu quase a zero a importação de veículos. Mas, o Brasil exporta muitos outros produtos, como Soja, açucar, suco de laranja, aviões, entre outros (commodities), principalmente para os EUA e China, o que acaba contrabalançando com a crise no setor automotivo, embora a crise sinalize redução do superavit nos próximos meses. Recentemente verificou-se que o setor do agronegócio é quem está puxando as exportações e que no setor automobilístico seria importante rever a política de exportação quase que exclusivamente com destino para a Argentina, voltando a focar os mercados dos EUA , e tentando prospectar novas regiões. Só que uma mudança de política junto às indústrias automobilísticas, para tornar o país um pólo exportador, como havia sido planejado com a estabilização da moeda, demanda um tempo em torno de cinco anos para surtir efeito. Abaixo um vídeo que mostra quais produtos e quais regiões do estado de São Paulo são responsáveis por sua produção. Detalhando o que são commodities, produtos básicos, semi-manufaturados e manufaturados!


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