quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Afinal o que é República e o que representa para a nossa vida?

A República (do latim res publica, "coisa pública") é uma estrutura política de Estado ou forma de Governo em que, segundo Cícero, são necessárias três condições fundamentais para caracterizá-la: um número razoável de pessoas (multitudo); uma comunidade de interesses e de fins (communio); e um consenso do direito (consensus iuris). Nasce das três forças reunidas, entre, uma mistura da libertas do povo, da auctoritas do Senado e da potestas dos magistrados. Assim, os soberanos nos oferecem o amor paternal; os grandes, o sábio conselho; o povo, à liberdade. Hoje é visto como um governo no qual o chefe do Estado é eleito pelo povo ou seus representantes, tendo a sua chefia uma duração limitada. A eleição do chefe de Estado, por regra chamado presidente da república, é normalmente realizada através do voto livre e secreto. Dependendo do sistema de governo, o presidente da república pode ou não acumular o poder executivo permanecendo por quatro anos. (...) Hoje em dia, o termo república refere-se, regra geral, a um sistema de governo cujo poder emana do povo, ao invés de outra origem, como a hereditariedade ou o direito divino. Ou seja, é a designação do regime que se opõe à monarquia. (Wikipedia)
Constitucionalismo
As normas constitucionais são compreendidas como o ápice da pirâmide normativa de uma ordem jurídica, consideradas Leis Supremas de um Estado soberano, e tem por função regulamentar e delimitar o poder estatal, além de garantir os direitos considerados fundamentais. O Direito constitucional é destacado por ser fundamentado na organização e no funcionamento do Estado e tem por objeto de estudo a constituição política desse Estado. (...)O constitucionalismo, teoria que deu ensejo à elaboração do que é formalmente chamado de Constituição, surgiu a partir das teorias iluministas e do pensamento que também deu base à Revolução Francesa de 1789.
Considera-se a Magna Carta o documento que esboçou o que posteriormente seria chamado de Constituição. Foi assinada pelo Príncipe João face à pressão dos barões da Inglaterra medieval, e apesar da notícia histórica de que os únicos que se beneficiaram com tal direito foram os barões ingleses, o documento não perde a posição de elemento central na história do constitucionalismo ocidental. A partir da moderna doutrina constitucionalista, a interpretação dada à Magna Carta sofre um processo de mutação denominado mutação constitucional, onde novos personagens ocupam as posições ocupadas originalmente pelos participantes daquele contrato feudal, de maneira que as prerrogativas e direitos que foram concedidos aos barões passam a ser devidos aos cidadãos, e os deveres e limitações impostos ao Príncipe João passam a limitar o poder do Estado.
Contudo, foi a partir das "Revoluções Liberais" (Revolução Francesa, Revolução Americana e Revolução Industrial) que surgiu o ideário constitucional, no qual seria necessário, para evitar abusos dos soberanos em relação aos súditos, que existisse um documento onde se fixasse a estrutura do Estado, e a consequente limitação dos poderes do Estado em relação ao povo. (Wikipédia)
A Constituição moderna, portanto, insere no controle dos interesses do  “Bem público” instituições independentes como: Congresso Nacional, Polícia Federal, Ministério Público e Supremo Tribunal Federal , instâncias cuja autonomia assegura, que sendo assim, não estão à serviço do presidente da república, mas antes, a serviço da República, ...a serviço dos interesses do “Bem público”.
A República e o Brasil
Visto que a república brota na história de uma oposição ao governante por hereditariedade ou “direito divino”, fica mais fácil compreender porque este sistema de governo se ergueu em geral nos países, a partir da monarquia. No Brasil, o regime introduzido em 1889, após o Império de Pedro II, parlamentarista com partidos nacionais e uma liberdade de imprensa rala, pela forma que se desenvolveu, denota realmente um período de transição. “A partir da Constituição de 1891 a igreja estava separada do Estado. Introduziu-se o registro civil de nascimentos, casamentos e mortes e se estabeleceu o regime federativo que deu às províncias (então transformadas em Estados) mais autonomia e controle fiscal.” No entanto, os resquícios da monarquia ainda persistiram por muito tempo, ao longo da primeira República que foi de 1891 a 1930, época em que prevalecia o perfil oligárquico da nação, onde novas leis eleitorais reduziram o número de eleitores e elegíveis, e portanto, em 1910 numa população de 22 Milhões de pessoas, apenas 627 Mil possuíam o direito a voto. O exército ganhava papel fundamental, e mesmo assim, na vida da república que se iniciava violenta, não conseguiu impedir a eclosão de movimentos dentro das casernas. O governo civil destacou-se pela sofisticação do procedimento interno conhecido como “política dos governadores”, incluindo a aliança do “Café com Leite”, dentro desta engenharia política, que fazia oscilar um presidente paulista e outro mineiro, através de um processo eleitoral fraudulento, de cabresto, cujo fim era o de sustentar tal manipulação. Daí se seguiu o modelo de “república dos coronéis” contando com uma estrutura político-partidária frágil e instituições ainda pouco consolidadas, que desembocou no mandonismo local: estrutura oligárquica baseada em poderes personalizados com núcleos nos latifúndios. Práticas de favoritismo, construídas no interior de relações parentais, minaram o estatuto da lei e da esfera pública, e assim, o país parecia uma grande fazenda agitada e heterogenia. Provavelmente um dos períodos de regime político mais pobres do Brasil, tanto pela corrupção do dinheiro público quanto pela corrupção dos costumes. E então, até 1930 as imigrações de asiáticos, europeus e africanos trouxeram e misturaram práticas de moradia, alimentação, tradições religiosas, costumes sanitários e formas de sociabilidade, gerando o crescimento urbano e consequentemente a expulsão das populações pobres fazia crescer e disseminar os cortiços. Resultado: Mais revoltas pela incompreensão do que se apresentava. Enquanto aos poucos a classe operária virava protagonista advinda do novo parque industrial, revoltas como a da Chibata, reagiam a tratamentos que vinham da época da escravidão. De cerca de 80 Mil operários em 1900, a nação chegava em 1930 com 275 Mil. E como se percebe, a República nascida encabulada em 15/11/1889 deixa um legado ambivalente, de uma lado lembrando os dias de hoje com o boom da urbanização, da industrialização e da entrada de imigrantes, e de outro, gravando na memória um período de repressão, falcatruas políticas, de ampliação de medidas racistas e da exclusão da pobreza.  Assim, recebe um rótulo indigesto: “República Velha”; Porém, a partir deste período é que ocorre abertura para um processo sem volta, contexto em que se desenham os primeiros passos na constituição de uma sociedade cidadã e participativa. Na era Vargas, foram os governantes e intelectuais que chamaram o seu próprio período de “Estado Novo”, em movimento contínuo, sobrepondo o que era “velho” e ultrapassado. Em resumo, o Brasil tem pouca experiência histórica tanto de república (a busca do bem comum) quanto de democracia (o povo, os pobres, tomando a palavra). Nossa sociedade não tem tanto respeito pelo direito (o mundo da república) ou pelos direitos sociais (o mundo da democracia). Já que muita gente ainda opta por se apropriar do bem público para uso privado; A corrupção outrora, entre outras, era dos costumes, e agora, é chamada de “liberdade individual”. E assim, a república deixou de ser viril, mudou a coisa pública: não é mais algo transcendente, uma pátria acima de seus componentes, à qual se sacrificam, mas o tesouro público, o dinheiro do Estado. Vemos hoje, portanto, o Estado não como um valor, um ideal, mas só como o “caixa do condomínio”.  A inovação, fica por conta da inclusão nos últimos séculos, na coisa pública, de valores como a Liberdade, Igualdade e a Fraternidade, pois ao contrário da república romana, a república de nosso tempo tenta resolver a questão social, ou seja, a exclusão dos pobres. Desta forma, uma série de demandas inicialmente democráticas, como saúde, educação, transporte e segurança, mal atendidas pelo setor público, e a ampliação dos programas de inclusão social aos mais carentes se torna condição para a república não morrer. Deixa de ser uma exigência só democrática para se tornar uma necessidade republicana, tornando o ato da corrupção algo muito pior do que um simples furto, já que agindo assim perde-se a oportunidade, como um bem público, por exemplo, de incluir mais pessoas sem acesso a uma melhor saúde, educação, transporte e segurança. E portanto, atender a todos indistintamente. É este fator melhorado que permitiria atender ainda mais a necessidade dos mais carentes, tema tipicamente democrático, que se torna um tema republicano.

(Fonte para reflexão: Texto de Renato Janine Ribeiro e Lilia Moritz Schwarcz no Jornal : O Estado de SP)

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

A Certeza e a Dúvida

"Buda estava reunido com seus discípulos certa manhã, quando um homem se aproximou:
- Existe Deus? - perguntou.
- Existe - respondeu Buda.
Depois do almoço, aproximou-se outro homem.
- Existe Deus? - quis saber.
- Não, não existe - disse Buda.
No final da tarde, um terceiro homem fez a mesma pergunta:
- Existe Deus?
- Você terá que descobrir - respondeu Buda.
Assim que o homem foi embora, um discípulo comentou, revoltado:
- Mestre, que absurdo! Como o Senhor dá respostas diferentes para a mesma pergunta?
- Porque são pessoas diferentes, e cada um chegará à resposta por seu próprio caminho. O primeiro acreditará em minha palavra. O segundo fará tudo para provar que estou errado. E o terceiro só acredita naquilo que é capaz de provar por si mesmo."
"As respostas que cada um tem, são parte do seu caminho, constituindo a verdade relativa. Ou seja, a forma de ver, entender e encarar a vida e a existência.
A Verdade Última ou Absoluta é a Verdade que está para além de cada ser. E não pode ser refutável, pois todos a integram.
Para ouvires a Verdade Última, tens de abrir o coração na totalidade. E com isso abrir a Consciencia.
Então a Mente compreende aquilo que não tinha conseguido compreender.
Namaste!"

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

A desindustrialização do Brasil

Na última década, enquanto o preço das commodities se valorizava e sua participação nas vendas brasileiras aumentava, as indústrias perdiam competitividade no comércio internacional.

Pra se ter uma ideia da desindustrialização precoce  que o conjunto de políticas adotadas durante este período pela administração do Brasil gerou nas últimas décadas, basta ver que na década de 70, 80 em média, 25% do PIB (Produto Interno Bruto) era composto pela participação da indústria, enquanto atualmente esta participação está em torno de 13%, com tendência de queda. Como um governo que prioriza a "transferência de renda" pretende manter tal política sem planejar uma forma de crescimento sustentável da nação que financie tal política?
Num cenário onde a crise internacional superou a sua pior fase, e países como a China deixaram de crescer a 10% para crescer a 7%, porque o Brasil não consegue crescer de forma sustentável? Pelo menos chegando próximo ao crescimento de alguns de seus vizinhos latinos? A questão é que as condições do Brasil atualmente são de baixa competitividade, investimento insuficiente, gargalos na infraestrutura e inflação persistente, muito acima da meta oficial de 4,5% adotadas para este ano, o que denota uma falta de planejamento interno que não tem relação com os problemas do comércio internacional ou com a crise internacional. E neste ponto, bater nesta tecla de que a situação está ruim em função de problemas externos, não se sustenta. Quando se "cria" o diagnóstico do problema, passa-se a trabalhar para encontrar soluções que não resolvem o problema efetivamente, mas apenas o camuflam, enquanto continua aumentando. O problema de redução do crescimento brasileiro não é em função de questões econômicas internacionais, mas de um conjunto de políticas internas, a nível macroeconômico, que estão levando o país à recessão.




sábado, 11 de outubro de 2014

Expressões que ouvimos em debates entre os presidenciáveis do Brasil

*CONTABILIDADE CRIATIVA:

É o uso de artifícios fora do padrão, que aumentam a receita do governo e camuflam despesas, com o intuito de mostrar um bom resultado, como o atingimento  da meta fiscal do ano, que é uma sobra (superávit primário) para pagar o montante dos juros da dívida pública e buscar menos refinanciamento (com emissão de novos títulos). No orçamento da União de 2013, por exemplo, aparecem R$900 Bi para pagamento de dívida pública e R$608 Bi como abatimento deste valor a título de “refinanciamento” ou “rolagem” da dívida, sendo considerado como amortização do principal da dívida, ora, a troca de uma dívida velha por nova através de emissão de novos títulos é “troca de dívida velha por nova”, ou seja, “mais dívida”, e não “amortização”. (O fracionamento dos juros (nominais=IGPM e Reais=o que excede o IGPM)  e a classificação de grande parte dos juros como se fossem amortizações tem gerado uma grave distorção, porque, de acordo com aConstituição, despesas correntes como é o caso dos juros nominais não podem ser pagas mediante emissão de dívida. O texto constitucional visou prevenir o crescimento desenfreado da dívida decorrente da incidência de juros sobre juros. A partir do momento em que se contabiliza a atualização monetária como amortização ou refinanciamento, percebe-se uma clara burla a essa determinação constitucional. A dívida pública passa a crescer, então, de forma descontrolada, levando o governo a contingenciar o orçamento das áreas sociais. Com relação ao aumento de receitas fora do padrão, podemos ver o que ocorreu em 2013 para que o governo pudesse divulgar que bateu a meta fiscal;
Como a meta foi atingida
O governo cumpriu a meta com a ajuda de receitas extraordinárias, como aquelas vindas das novas modalidades do Refis (parcelamentos especiais de tributos que as empresas deviam ao governo, abertos no fim do ano passado, que renderam pelo menos R$ 22 bilhões aos cofres públicos em 2013), além de receitas não recorrentes (que não fazem parte normalmente do balanço), como o pagamento do bônus do campo de Libra – reserva de petróleo no valor de R$ 15 bilhões.
Com a forte entrada de receitas atípicas, o governo federal não teve de abrir mão das reduções de tributos – realizadas nos últimos anos e mantidas em 2013 – e que fizeram com que mais de R$ 77,7 bilhões deixassem de entrar nas contas; e também não precisou conter gastos públicos.
Refis e concessões
As novas modalidades do Refis asseguraram a entrada de R$ 22 bilhões nos cofres do governo em 2013. As novas modalidades de parcelamentos especiais para contribuintes em dívida com o governo foram aprovadas pelo Congresso Nacional e sancionadas pela presidente Dilma Rousseff, com o apoio da Secretaria do Tesouro Nacional, mas à revelia da área técnica da Receita Federal.
Impulsionadas pelo pagamento do bônus do campo de Libra, no valor de R$ 15 bilhões, as receitas de concessões bateram recorde em 2013 – atingindo a marca dos R$ 22 bilhões.
Até então, a maior arrecadação anual com concessões havia sido registrada em 1998, ainda na gestão Fernando Henrique Cardoso, quando ingressaram R$ 9,35 bilhões nos cofres públicos. No ano seguinte, em 1999, outros R$ 9,15 bilhões ingressaram no caixa do Tesouro Nacional.
Ao todo, entre 1997 e 2012, a receita do governo federal com as concessões somou R$ 53,48 bilhões – uma média de R$ 3,34 bilhões por ano.

SÓ QUE QUANDO VEMOS A CANDIDATA DO GOVERNO NOS DEBATES, ELA ACUSA O SEU OPOSITOR , AFIRMANDO QUE VAI PRIVATIZAR TUDO, COMO SE ELA NÃO GANHASSE DINHEIRO COM CONCESSÕES, QUE FAZ PARA NÃO ADMITIR QUE É PRECISO SIM PRIVATIZAR CERTOS SETORES, ou até mesmo, parte deles, E SER FAVORECIDA COM A RECEITA OBTIDA .
O seu opositor a lembra que não é possível fazer um país crescer se baseando em dados camuflados através de contabilidade criativa!!!

*BOLSA EMPRESÁRIO ou BOLSA BNDES

Política do governo de garantir crédito barato para as empresas por meio do BNDES, criando dependência do empresariado a estes créditos, ao invés de trabalhar no investimento de políticas de expansão e produtividade das empresas de forma macroeconômica (Infraestrutura), por suas próprias pernas. Só quem consegue financiamento do BNDES poderá ser mais produtivo e crescer? E as outras empresas do mercado? Por outro lado, porque emprestar para empresas como a PETROBRÁS num período em que a crise internacional já está mais branda, se ela não necessita deste tipo de financiamento (subsidiado), como uma pequena ou Micro empresa ? O certo não seria criar um ambiente onde todas as empresas pudessem almejar crescer e gerar mais emprego? No período de 2012 a 2015 o volume dos empréstimos acarretará gasto adicional ao governo (segundo o que havia previsto de gasto no orçamento) de R$79,75 Bi, que diz que a receita gerada por eles compensa o montante do subsídio (aumento da arrecadação de impostos das cadeias produtivas, formalização de empregos, sustentação da produção, promoção dos investimentos, pela inovação e desenvolvimento regional, bem como, pelo apoio a micro e pequenas empresas) . No primeiro ano do próximo governo, o impacto dos empréstimos do Tesouro ao BNDES e dos subsídios bancados pela União no Programa de Sustentação do Investimento (PSI) atingirá o recorde de 1/3 (R$30,57 Bi) de todos os benefícios financeiros e de crédito programados pelo governo Dilma Rousseff para 2015 (R$90,6 Bi). O custo do PSI nas contas públicas é mais um fator de pressão para a política fiscal (para gerar superávit primário), considerando ainda que com o aumento da taxa SELIC o custo dos empréstimos aumenta, e torna mais caro para o Tesouro se financiar no mercado, enquanto o BNDES pagará os empréstimos pela TJLP (Taxa de Juros a longo Prazo, menor, cerca de 5% ao ano. Ou seja, num ambiente de inflação crescente, o Tesouro pagará caro por esta política e o BNDES corre o risco de um “desmonte”. Na parte legal, o governo resistiu durante dois anos para calcular o subsídio relativo ao BNDES, sendo que o Tribunal de Contas da União (TCU) exige que este cálculo seja explicitado pelo governo. Até a pouco tempo, só era calculado e divulgado o subsídio referente ao PSI, principalmente por razões eleitorais, no entanto, com a pressão política nas eleições, este número passou a ser calculado e divulgado , já que o subsídio ao empresariado passou a ser chamado de “BOLSA EMPRESÁRIO”.

Pergunta da candidata do governo ao seu opositor no último debate da Globo: -Quero ver você estimular a produtividade das empresas (organizar a casa macroeconomicamente), sem conceder subsídios, ...e emendou: -Você vai tirar os subsídios!!! (Mas o plano Real foi exatamente isto, estabilizar a moeda arrumando a casa macroeconomicamente, para estimular o crescimento sustentável, que ficou para o próximo governo implementar).


*APARELHAMENTO DA MÁQUINA PÚBLICA COM CADA VEZ MAIS CARGOS POLÍTICOS

Tenha em mente que GASTOS EXCESSIVOS DO GOVERNO CONTRIBUEM PARA O ENDIVIDAMENTO PÚBLICO, criado para financiar o que não é possível honrar de despesas (déficit orçamentário federal); Então como compactuar com o fato de que em 2013 os gastos do governo que mais cresceram, foram aqueles com custeio (gastos correntes dos ministérios, como contas e salários), que subiram 20,2% (o maior percentual desde 2007), somando R$118 Bi? Isso ocorre porque o atual governo adota a postura de nomear  politicamente pessoas para cargos estratégicos, aparelhando cada vez mais a máquina pública, o que cria condições para que ocorra o aumento da corrupção.


“A baixa competitividade do setor público, a despreocupação com a sobrevivência, o desestímulo à cultura da premiação com base em mérito e desempenho individual e a corrupção que imperam no setor público fazem com que o nível dos serviços oferecidos pelo estado seja inaceitável. O problema não seria tão grande se os brasileiros tivessem, hipoteticamente, custo zero com o governo. “ (Livro: Carregando o elefante)

*PEDALADA (FISCAL)

A expressão foi cunhada pelos especialistas para explicar a prática do Tesouro de adiar, de um mês para o outro, o repasse de pagamentos aos bancos (públicos e privados) dos recursos para pagar programas sociais, como o Bolsa Família e abono salarial, e previdenciários, como aposentadorias e pensões. São essas “pedaladas” que permitem aumentar temporariamente o superávit primário para melhorar as expectativas em torno da capacidade do governo de cumprir a meta fiscal. O exemplo disso é a existência de uma conta não identificada, no valor de 4 Bilhões de Reais, encontrada pelo Bco Central numa subconta de um grande banco privado, relacionada a Previdência Social e revelada pelo Jornal “Estado” em Julho/14, que depois foi explicada à Câmara dos Deputados, em função de requerimento de informações de autoria do deputado Arnaldo Faria de Sá, via Bco Central, pelo ministro da Fazenda, através de ofício do Banco Central, como “Repasses do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) vinculados ao pagamento de benefícios previdenciários”. Sem informar o nome do Banco ou mais detalhes da conta. O valor foi contabilizado como crédito da União e ajudou a melhorar o resultado fiscal das contas do setor público em Maio/14. No entanto, o ministro da fazenda nega qualquer tipo de “pedalada” fiscal para tanto. 



quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Novo olhar

Sentado sob uma cascata,
o anjo vislumbrava o pulso
da sincronia da vida;
Um véu de água
protegia seus pensamentos;
Assim, o Ser permanecia neutro,
apenas a observar
os elos das circunstâncias;
Sabe que tudo
depende de si,
e embora "bem" e "mal"
sejam apenas formas de ver,
utiliza a criatividade
sem interferir no meio,
apenas para sugerir,
um novo "olhar a vida".

Essência

Enquanto o planeta gira sobre si mesmo,
milhões de células giram com seus ciclos
sob suas próprias experiências.
De tão natural que se tornam os ciclos da vida,
ficam tão imperceptíveis quanto aos milhões de voltas
que o planeta dá sobre si
e em torno de sua fonte de luz e vida.
Também nossa galáxia gira em torno do cosmos.
Portanto, no todo, tanto cada ciclo das células, ...dos humanos,
quanto do macrocosmos
possuem a mesma essência.
E a vida nos propõe desvelar a essência do Todo.


The Child in Us (A criança dentro de nós!)




Quem é da face risonha, concedente de todo destino;

De quem as mãos estão prontas a salvar qualquer um do medo;

Quem é adornada por vários ornamentos com pedras preciosas..

Para nós uma criança nasceu,

Para nós um filho foi dado:E o governo será sobre seus ombros...

-Um dia você veio;

E eu soube que você era ela;

...Você era a chuva, você era o sol;

Mas eu precisei de ambos, pois precisei de você;

"-Você era aquele que eu estive sonhando em toda minha vida;

Quando está escuro você é minha luz;"

-Mas não se esqueça;

Quem é sempre nosso guia:

a criança dentro de nós!

Debate por um alojamento

 
Em alguns templos Zen japoneses, existe uma antiga tradição: se um monge errante conseguir vencer um dos monges residentes num debate sobre budismo, poderá pernoitar no Templo. Caso contrário, terá de ir embora.
Havia um Templo assim no norte do Japão dirigido por dois irmãos.
O mais velho era muito culto
e o mais novo, pelo contrário, era tolo e tinha apenas um olho.
Uma noite, um monge errante foi pedir alojamento a eles.
O imão mais velho estava muito cansado,
pois havia estudado por muitas horas;
assim, pediu ao mais novo que fosse debater:
"Solicite que o diálogo aconteça em silêncio", disse o mais velho.
Pouco depois, o viajante voltou e disse ao irmão mais velho:
"Que homem maravilhoso é seu irmão.
Venceu brilhantemente o debate.
Assim, devo ir-me embora. Boa noite."
"Antes de partir", disse o ancião,
"por favor, conte-me como foi o diálogo."
"Bem", disse o viajante,
"primeiramente, ergui um dedo simbolizando Buda.
Seu irmão levantou dois dedos
simbolizando Buda e seus ensinamentos.
Então ergui três dedos
para representar Buda, seus ensinamentos e seus discípulos.
Daí, seu inteligente irmão sacudiu o punho cerrado na minha frente,
indicando que todos os três vêm de uma única realização."
Com isso, o viajante se foi.
Pouco depois, veio o irmão mais novo,
parecendo muito aborrecido.
"Soube que você venceu o debate", falou o mais velho.
"Que nada", disse o mais novo,
"esse viajante é um homem muito rude."
"É?", disse o mais velho,
"Conte-me qual foi o tema do debate."
"Ora!", exclamou o mais novo,
"no momento em que ele me viu, levantou um dedo insultando-me,
indicando que tenho apenas um olho.
Mas por ser ele um estranho, achei que deveria ser polido.
Ergui dois dedos, felicitando-o por ter dois olhos.
Nisto, o miserável mal-educado levantou três dedos,
para mostrar que nós dois juntos tínhamos três olhos.
Então, fiquei louco e ameacei lhe dar um soco no nariz -
assim ele se foi."
O irmão mais velho riu...
(livro: Nem água, nem lua - Osho)

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

A alma e a semente

A alma humana, está para a casca,
enquanto o espírito, se afina com a semente.

O tempo cuida que, descascada,
desprovida de seu sumo, num trabalho,
que está, assim como, o polir da pedra,
aos poucos, surja a semente.

Quando bruta, a pedra não dá acerto,
a fruta não tem gosto,
a mente condiciona ao erro.
Polida, há acerto,
e no prumo, a parede reta,
reflete os erros da obra bruta.

Na semente há esperança.
No espírito iluminado, ...em seu prumo,
perdoam-se os erros da mente.


(Foto:Monte Fugi/ SubraManiam KV)

Até que não sinta mais...





Ando na areia da praia,

escuto o barulho do silêncio de cada pegada,
o frio úmido na planta dos pés,
os raios de Sol do nascimento da manhã,
coberto por um céu azul;

Sigo em frente, e no fluxo e refluxo das ondas,
as marcas das pegadas vão se apagando,
o que foi, não é mais;

à medida que o Sol se eleva,
sinto seu calor no coração,
brotam lágrimas, que escorrem no rosto,
e ao cair, se fundem ao mar;

Com as ondas, vem o novo,
há uma energia nova no ar,
...movido pelo despertar constante, caminho;

liberdade para trilhar, sem direção,
sem sentido,
sem lugar;

viver, 
um eterno fluxo e refluxo das ondas , no mar,
...Até que não sinta mais, 
a areia, a brisa, o Sol, a água, nem o ar.



Tão Pouco enxergamos...





Quando nascemos nos nomeiam,

Pitágoras preveria numero logicamente o que seríamos,
O nome poderia refletir o aspecto: “ação”;
Ação mesmo foi o que nossos pais fizeram,
Com a maior boa intenção,
E esperavam que fôssemos, mas não fomos, ou,
Até fomos e continuamos sendo, sem ao menos despertar-nos;
O fato é que a construção ocorre a todo instante,
Como a de Deus;
Mas algo de bom ocorreu,
Tanto nossos pais, quanto Pitágoras,
Tinham um molde;
Alguns confundem este molde com Deus;
Após algumas primaveras,
Começamos a preferir passar para um grau mais além,
Aquele que transcende a lógica e a razão, o molde, a ideia de Deus,
No qual nos moldamos a todo instante.
Assim, além do grau da intuição, o UM vira SOU,
A sabedoria está envolta na ignorância,
Continuar crendo no molde,
até uma Primavera qualquer, é natural,
mas nos mantemos enganados;
Não há ilusão, nos condicionaram a isto,
Mas é só para enxergarmos o “outro lado”, o avesso, o verso do uno,
...é só para nos enxergarmos Uno, ...despertarmos em algum momento;
Agora, observamos nossos pais e Pitágoras,
E eles não nos enxergam, embora compreendam...
Tão pouco nós nos enxergamos, tão pouco enxergamos Deus,
...Apenas nos deixamos reinventar a todo instante!

(Escorpião)



Enigma - Sunrise





Olhar dentro das fantasias e realiza-las,

Sonhos que se desprendem da realidade,
Coragem para enxerga-los,
humildade para ser o que encanta,
rasgando a imagem,
chutando a projeção na água.

Nada é tão sério assim, 
a ponto de apagar o sorriso,
então, preencha com alegria
a leveza do sentir.

Fantasias ou sonhos,
palavras para o mesmo significado, 
inconsciente revelando algo,
impulso querendo brotar para o ar,
inundando a mente de coração,
florindo a vida da gente.

Lao Tsé

"Quem de Boa vontade carrega o difícil
Supera também o menos difícil.
Quem sempre conserva a quietude
É senhor também da inquietude.
Por isso, o sábio carrega de boa mente
O fardo da sua jornada terrestre.
Nunca se deixa iludir
Por deslumbrantes perspectivas.
Trilha com tranquila dignidade
O seu solitário caminho.
O homem profano, porém,
Que se derrama pela vida superficial,
Dissolve com sua leviandade
A solidez da sociedade;
Destrói com sua inquietude
A quietude do Reino,
E destrói também o seu próprio Reino."

sábado, 2 de agosto de 2014

Como me sinto separado, se somos UM com o TODO?

Quando abro os olhos ao acordar, lentamente a memória vai despertando, como quando ligamos o computador. É muito bom perceber o quão silencioso sou antes que o primeiro pensamento surja na tela da memória. Em fração de segundos a identidade fixa, os pensamentos aparecem e a atenção poderá foca-los. A sobreposição produz a impressão de que somos a mente!
Naturalmente na vivência o Ser se autoconhece. Aos poucos, percebe e expande a consciência para momentos em que imerso e contido na sobreposição, o eu condicionado age impulsivamente em relação as circunstâncias. Mas há momentos em que a conquista de Metas e objetivos passa a ser a prioridade, fase em que mais prospera no mundo. Aos poucos, o olhar vai se voltando para dentro. Persona, eu condicionado ou ego enquanto se forma, produz impressões (Vrittis), que são tomadas como verdades, como a impressão de limitação, ...de separação. Porém o Ser permanecerá experienciando, vivendo, no sentido de transcender a identidade que molda o Eu condicionado pelo meio e as impressões que influem nas emoções. Reconhecer projeções ajuda a expandir a consciência neste aspecto.
A impressão de sofrimento é o que sentimos entre as ilusórias sensações de felicidade, quando os referenciais para chegar a ela são o meio, ou seja, ...quando há referenciais! 
Da impressão de separação para a comparação é um pulo! Então se sou, ajo ou tenho algo diferente do outro, começo a sentir a impressão de ser melhor ou pior, e deixo de ser igual em essência para ter reforçada a impressão de ser separado, estimulado pelo condicionamento do meio que necessita produzir cada vez mais participantes para se manter.Com a ilusão de sermos o que a mente produz e expressa, vivendo em função do ambiente social, nossa vida se resume num meio para chegar a um fim, onde a felicidade está sempre na conquista da próxima meta, do próximo objetivo, mas nunca chega, e assim, em meio a tanto trabalho nos sentimos entediados com o viver. Aqueles pensamentos nos quais nossa identidade se encaixa e expressa desde o acordar de manhã se tornarão habitualmente um escape do momento presente. Como uma espécie de resistência ao agora, e portanto, nos tornamos pessoas robotizadas que vivem sem sentir o sabor de suas ações no dia a dia. Apenas vivendo na mente.
Existem dois grandes grupos de pensamentos que fluem ao longo do dia, um associado a algo que decidi realizar voluntariamente, portanto, consciente, e que tem a ver com a força de vontade para realizar e desenvolver a vida prática, o outro, associado ao involuntário e subconsciente que normalmente aparece na tela da mente do nada e associado a uma emoção, a uma memória, a uma sugestão, etc... como uma preocupação, por exemplo. Bem parecido com a forma operacional do Feed de notícias do Facebook, onde atraímos as notícias na tela, em função do que o sistema percebe ser interessante para nós, através de nossas ações na rede (curtidas, comentários, etc). E num dado momento observo, ...tomo consciência do quanto um grupo de pensamentos pode chamar a atenção e ocupar a capacidade do foco (que deveria estar no que escolhi trabalhar consciente) através da identificação (com algo que veio por associação mas que não tem importância com relação ao que escolhi realizar conscientemente), ou seja,... passo a discernir o "pensar consciente" de simplesmente ser atraído por pensamentos subconscientes, mas que igualmente estão associados a algo. Sabe quando registramos as despesas do mês corrente para cortar despesas desnecessárias no próximo mês? Pois é! Observe os pensamentos que surgem do nada e de forma involuntária tomam a atenção daquilo em que verdadeiramente quer estar consciente. Esvazie a importância destes pensamentos involuntários, como deixa de dar importância a um gasto supérfluo, afim de deixar de faze-lo, enquanto se torna consciente do momento presente e em que realmente quer focar a atenção, em função de sua força de vontade. O estado de presença é a aceitação do momento presente, deixando fluir os pensamentos que desviam a nossa atenção do agora, sem resistência. Não é preciso estar parado ou em silêncio, afinal o silêncio necessário é o do barulho da mente, em função da compulsão aos pensamentos que desviam nossa atenção ao momento presente, assim como, a economia necessária é o resultado do corte do excesso de despesas supérfluas que nos permite viver melhor o agora. Estar consciente ao momento presente, ...ao agora, torna possível que transcendamos os pensamentos involuntários e nos alinhemos com um espaço maior da consciência, evitando que fiquemos limitados em pensamento ao espaço do EU condicionado (Ego). Estar alinhado com o que acontece no presente implica em que não estejamos resistindo ao que acontece, sem criar ou acreditar em rótulos, deixando ser como é. Não alinhado haverá pensamento limitante, e portanto, já não somos mais a presença e sim um alguém. "Acontece, apesar de mim, não controlo o que acontece. A vida se produz, portanto, aceito". A mente separada só existe do ponto de vista da mente separada. Um alguém pensante também é um pensamento. A presença na praia, num momento de descanso da vida cotidiana, sem resistência, apenas é, e o Ser flui revigorando-se, no entanto, assim que toca o celular e recebo uma resposta pra um negócio pendente, a mente entra em cena, o pensamento poderá gerar resistência ao que acontece, aquela situação, ... o alguém então surge. Ser o fluxo apesar do que acontece é em síntese aceitar o momento presente sem resistência. 
A Paz da observação do fluxo natural da vida traduz-se no silêncio!!!


sábado, 26 de julho de 2014

Anedota Sufi sobre a busca do Ser humano

Numa reunião de Sufis, num círculo, unidade básica, cerne do sufismo ativo, atraído por um mestre que ensina, um grupo de buscadores comparece à assembléia, momento menos formal em que se formulam as perguntas e os mesmos são recepcionados. Nesta ocasião, um recém-chegado acabara de perguntar ao mestre: -o Aga, há um anseio básico de experiência mística do qual toda a humanidade compartilhe?
-Sim, temos uma palavra,( respondeu o Aga), que resume tudo isso . Descreve o que estamos fazendo e compendia a nossa maneira de pensar. Através dela compreenderemos a própria razão da nossa existência, e a razão porque a humanidade, via de regra, vem falando em desigualdade. A palavra é Anguruzuminahstafil.
E explicou-a utilizando para isso uma história sufista tradicional.
Quatro homens – um persa, um turco, um árabe e um grego – se encontram numa rua de aldeia. Eram companheiros de viagem, a caminho de algum local distante; naquele momento, porém, discutiam como gastar uma única moeda, que era tudo o que possuíam.
-Quero comprar angur – disse o persa.
-Pois eu quero uzum – disse o turco.
-Eu quero inah – disse o árabe.
-Não!!! – exclamou o grego – devíamos comprar stafil.
Outro viajante que ia passando, um lingüista, propôs-lhes:
-Dêem-me a moeda. Procurarei satisfazer aos desejos de todos.
A princípio, não quiseram confiar nele. Finalmente, entregaram-lhe a moeda. Ele dirigiu-se à loja de um vendedor de frutas e comprou quatro cachinhos de uvas.
-Este é o meu angur – disse o Persa.
-Mas é a isto que chamo uzum – disse o turco.
-Você me trouxe inah – disse o árabe.
-Não! – atalhou o grego – na minha língua, isto é stafil.
Repartidas as uvas entre eles, cada qual compreendeu que a desarmonia fora conseqüência da falta de compreensão da língua dos outros.
-Os viajantes, disse o Aga, são as pessoas comuns do mundo. O lingüista é o sufi. As pessoas sabem que querem alguma coisa, porque existe nelas uma necessidade interior. Podem dar-lhes nomes diferentes, mas a coisa é a mesma.“Os sufis” – Idries Shah

sexta-feira, 18 de julho de 2014

O pacote de biscoitos

Uma jovem estava a espera de seu voo na sala de espera de um aeroporto. Como deveria esperar várias horas resolveu comprar um livro para passar o tempo. Comprou também um pacote de biscoitos! Sentou-se numa poltrona na sala Vip do saguão do aeroporto, para poder descansar e ler em paz. Ao lado da poltrona onde estava o saco contendo os biscoitos sentou-se um homem, que abriu uma revista e começou a ler. Quando ela pegou o primeiro biscoito, o homem também tirou um. Sentiu-se indignada mas não disse nada. Apenas pensou: "Mas que atrevido! Se estivesse com disposição dava-lhe um soco no olho, para que nunca mais esquecesse deste atrevimento." A cada biscoito que ela pegava o homem também tirava um. Aquilo foi deixando-a cada vez mais indignada, mas não conseguia reagir. Quando restava apenas um biscoito no pacote, ela pensou: "Ah... o que vai esse abusador fazer agora?!" Então, o homem dividiu o último biscoito ao meio, deixando a outra metade para ela. Ah! Aquilo era demais, ela estava bufando de raiva!!! Então, pegou o livro e o restante de suas coisas e dirigiu-se para a fila na porta de embarque. Quando se sentou confortavelmente já numa poltrona do interior do avião. Olhou para dentro da bolsa para guardar os óculos. Para sua surpresa, estava lá intacto o pacote de biscoitos que havia comprado! O homem tinha portanto, dividido os seus biscoitos com ela, sem se sentir indignado, nervoso ou revoltado, pois se manteve o tempo todo calmo. Sentiu assim, imensa vergonha, afinal percebeu que quem estava na verdade errada era ela... Ao sentar, atenta à leitura, esqueceu que havia guardado o pacote dentro de sua bolsa e ao ver um pacote de biscoitos idêntico na poltrona ao lado, teve a impressão de que era o dela. Transtornada com o ocorrido, já não podia se explicar ou pedir desculpa, pois ele era passageiro de outro avião. Observamos no dia a dia inúmeras impressões, em função de sobreposições no nível mental, que nos levam a agir de um jeito e não de outro, mas se tivermos consciência de como elas ocorrem, poderemos evitar muitos mau entendidos.

sábado, 24 de maio de 2014

A mensagem da Tradição esotérica

As Tradições sobrevivem ao passar do tempo pela transmissão de seus ensinamentos aos seus simpatizantes, e com a tradição esotérica ocorre o mesmo. Na antiguidade formaram escolas de mistérios onde quem possuía aptidão para enxergar e compreender o simbolismo oculto nas palavras e escrituras eram iniciados em estudos mais profundos do saber. Assim, hoje em dia com a abertura do conhecimento à população, estudado e difundido por grandes nomes da filosofia e psicologia contemporânea, como Platão, Freud e Jung, é possível se ter acesso a  muitos símbolos estudados e compreendidos outrora, mas assim mesmo, apenas quem "tiver olhos para enxergar" o que está por trás das palavras e escrituras poderá desenvolver a síntese da mensagem esotérica. Deste modo, destaquemos por exemplo a "energia vital", chamada mais tarde por Freud de Libido, e através da simbologia contida nas escrituras, teremos a descrição de sua origem no ceio da humanidade, através do "pecado original". Para tanto, vejamos a etmologia da palavra ELOHIM, que significa "elevado", no sentido de "uno ao divino", de onde se origina a concepção do "anjo" muito utilizada em nossos dias.

EL => Deus em hebraico, sentido masculino;  ELOAH,  a forma feminina do mesmo radical EL, significa Deusa;

ELOHIN é o plural e por isso significa Deuses e Deusas (masculino e feminino), o que sugere um Ser elevado andrógeno ou que contém energia masculina e feminina; No Hinduismo isto se reflete no Deus Shiva.

 Nas escrituras, o anjo (uno ao divino) que dirigiu a criação chamava-se Jehovah, um outro nome para "Deus", formado por 4 letras hebraicas: Iod, He, Vau, He;
Iod pode ser traduzido como "masculino" ou "falo" ; Heva ou Heve pode ser traduzido como "feminino", "mãe", ou "útero"; Assim sendo, mesmo o nome Jeovah contém a força das energias masculina e feminina contida em sua origem. Ora, Elohim, o anjo Jehovah, formou o homem à sua própria imagem, e portanto, munido das energias masculina e feminina.
Contam as escrituras que o anjo plantou um jardim no Éden, que significa: Paraíso de perfeição ou energia pura (Ser), ao lado Leste e lá colocou o homem que havia formado. Cabe destacar que, nunca existiu no mundo manifesto tridimensional um local físico denominado Éden, ou seja, geograficamente havia um lugar físico localizado na mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, onde foi criada uma escola de Mistérios com este nome, fundada por Caldeus, mas não se refere ao Jardim do Éden do Gênesis. Por reflexo de Deus (Ser de energia pura) a humanidade personificou as sete virtudes da alma: Altruismo, ação reta, castidade, humildade, amor, Felicidade pelo próximo e temperança.
A Tradição esotérica nos chama a atenção para a existência de sete dimensões principais, representadas pela escada de Jacó, sendo que a quarta dimensão seria o espaço da energia vital, e portanto um nível sutil da existência, local onde simbolicamente Adão(energia masculina) foi inserido, por isso a antropologia não tem provas da existência de Adão que representa ainda a origem da humanidade. Eva (energia feminina) teria surgido, portanto, pela elevação espiritual de Adão,  ocorrendo a separação para que pudessem se conhecer mutuamente, gerando a energia vital posteriormente, com sua união. Sendo que desde aquele tempo os dois buscam a união perdida (Adão=energia masculina e Eva =energia feminina), razão da ânsia pela conexão sexual. Reparemos que durante a vida na terceira dimensão, ao se tornar independente e abandonar pai e mãe os filhos se unem ao sexo oposto dada a ânsia sexual.

No jardim do Éden brotaram da mesma raiz duas árvores: a árvore da vida e a árvore do conhecimento (do bem e do mal). A árvore da vida é um símbolo antigo de significado universal que aparece em várias culturas esotéricas, por exemplo, como a árvore que Moisés viu queimar no Monte Sinai, a árvore sob a qual Buda se iluminou, a árvore de Natal iluminada na tradição germânica, entre outros; No Judaismo, a ciência da árvore da vida é chamada : Kabbalah e simboliza a estrutura da alma e da criação. No sentido da alma, simbolizava que Adão (energia masculina) e Eva (energia feminina) gozavam do benefício de permanecerem na "Bem aventurança" com a consciência desperta, unos ao divino (energia pura), livres para comer dos seus frutos, ou seja, dos frutos da ciência divina: vida, sustento e sabedoria, com a raiz na dimensão da energia pura (reino superior da Kabbalah).A árvore do conhecimento (Gnosis do grego/ Daath do hebraico) era de mesma raíz, porém desta, Adão (energia masculina) e Eva (energia feminina) não podiam comer os frutos e se alimentar, pois simbolicamente isto representaria sua morte espiritual( perda da consciência da quarta dimensão). Portanto, até aquele momento, não havia permissão para se ter filhos por conta própria, o que simbolicamente ocorreria como resultado de comer os frutos da árvore do conhecimento. No entanto, nesta árvore havia  a presença de uma serpente, que simbolicamente representa a figura da "Tentação", e consequentemente tentados, como representantes da humanidade, Adão e Eva escolheram dar vazão ao desejo e procriar por conta própria. Os filhos representam os frutos da sexualidade. Ao aprender a procriar sem a orientação de um Ser elevado (Elohim) tomaram consciência do orgasmo, e portanto, da produção de energia (união da energia feminina com a masculina) para fins da criação da humanidade por conta própria, sendo que na perfeição ou dimensão de energia pura, ignoravam este conhecimento. Energia masculina + energia feminina  = energia vital, versão esotérica para o fundamento da trindade, ressaltada pelas religiões (Pai+filho=>espírito santo (Cristãos); Binah+Chokmah=>Kether (Judaico/Kabbalah); Vishnu+Shiva=>Brahma(Hindu); Osíris+Isis=>Órus (Egípcio)), ou seja, três que se expressam no UM, que para criar o UM se divide a si próprio (sua semelhança), em dois:  Masculino(Pai=Adão) + Feminino(Mãe=Eva) => Espírito puro (fogo fecundante de Deus).

Veja que na Índia, Shiva Shakti é o poder criador e destruidor;

Sendo assim, podemos perceber que segundo a tradição esotérica, o conhecimento que foi adquirido com a tentação e o desejo de provar do fruto proibido, foi a capacidade de gerar energia vital (força que aciona todos os níveis da existência) para a criação da humanidade por conta própria. Esta energia vital, posteriormente foi chamada por Freud de Libido.  No entanto, deste conhecimento surgiu uma outra questão: o desperdício do sêmen produzido pelo orgasmo, em função da união entre homem e mulher, desperdiça energia vital ou de criação de um Ser, ou seja, um orgasmo através do sexo, expulsa energia vital saboreando a energia divina que ilumina a alma, mas se utilizada apenas para sensações físicas, não alcançará o sublime fim da criação, e portanto, se tornará impuro. Simbolicamente, nas escrituras, quando Adão e Eva provaram da fruta proibida (orgasmo) para fins físicos, quebraram a regra que havia na quarta dimensão, cuja energia é pura, sem mácula, daí o termo "imaculada concepção". Como a energia sexual está conectada à energia vital, que sustenta o indivíduo com a saúde da psique e do corpo físico, seria importante que fosse utilizada eficientemente, afinal, mantém a vitalidade física e sutil que une a humanidade ao divino. Por outro lado, sem a energia sexual, através do desejo, a alma se atrofiaria, quebrando a conexão com Deus, portanto, ao expelir a energia, através do orgasmo, sem a concepção comprometemos a capacidade de conexão com a dimensão da energia pura em nós ou Deus. Considerando que o gatilho para a criação da humanidade, que sofre em busca da união da energia masculina e feminina perdida com a separação, como vimos, é o desejo, surgiu simbolicamente na Tradição esotérica a compreensão de que "o desejo sempre nos conduziria ao sofrimento". Desejo seria sinônimo de ambição, e isto é sofrimento,e esta é a mensagem da maioria das grandes religiões originadas pelo homem. Assim, desprovidos da energia pura, Adão e Eva acabam caindo da quarta dimensão (de energia pura) para a terceira dimensão, o que é simbolizado pela passagem nas escrituras onde são expulsos do Éden (Paraíso da quarta dimensão), indo vagar penosamente pelo sofrimento e ignorância (espiritual). Procriando por conta própria, Adão e Eva desequilibraram sua energia e estimularam a origem das sete virtudes invertidas, ou dos sete pecados capitais: Luxúria, Orgulho, Raiva/ódio, Preguiça, Gula, Ganância e Inveja. A alma imersa no Éden (quarta dimensão), representava a perfeição da energia vital, o Ser puro, sem mácula, mas na terceira dimensão, a alma se defrontou com um vazio existencial e o reflexo da busca por se tornar UNO á energia pura internamente, estimulou externamente a humanidade a criar as ideias, as civilizações, as religiões, o mundo material, e consequentemente, a desenvolver a mente na busca pela felicidade no meio em que vive, sobrepondo e distanciando-se cada vez mais da conexão com a energia pura interiormente (verdadeira felicidade), uma vez que esta já estaria dentro de nós, porém, agora, como uma faísca velada.  Sendo assim, considerando que a tentação na terceira dimensão se da pelo prazer material (serpente descendente), para a conexão com a energia pura(verdadeira felicidade), torna-se necessário estimular a força de vontade no sentido positivo (serpente ascendente), que pressupõe a consciência do aspecto ilusório da mente, no sentido de busca da felicidade através do meio externo, enquanto se experiencia a vida.

domingo, 4 de maio de 2014

Perspectivas pós eleição presidencial, no Brasil



(SÍNTESE - últimos dois anos )



ANO....PIB(R$).....DÍV PÚB (R$)....... AMORT/JUROS/D+(R$).......SUP P.(R$)                       ......................INTERNA....EXTERNA..TOTAL.........................................................................

2012...4,4TRI...1,91TRI .....91,2BI ...2,00 TRI..618,88BI/134,53BI......88,5 BI (2,01% DO PIB)..........

2013...4,84TRI.1,95TRI ..160,28BI ..2,12 TRI ..784,40BI/249BI..........77,0 BI (1,60% DO PIB)..........

2014...................................................................................................99,0 BI (1,90% DO PIB)*

*META PREVISTA

ORÇAMENTO PREVISTO PARA 2013=> R$2.250,90 (TRI)


CERCA DE 42% DO ORÇAMENTO FOI DESTINADO EM 2013 PELO GOVERNO FEDERAL PARA PAGAMENTO DE AMORTIZAÇÕES, OUTRAS PROGRAMAÇÕES DE DÍVIDAS E JUROS DA DÍVIDA PÚBLICA(EM 2012 FOI 43,98%), SENDO 5% APENAS PARA JUROS; COMO O VALOR DESTINADO PARA O PAGAMENTO DOS JUROS (SUPERÁVIT PRIMÁRIO) NÃO ALCANÇA O VALOR  EQUIVALENTE AOS JUROS DEVIDOS, EM FUNÇÃO DA DÍVIDA, O GOVERNO PAGA UMA PARTE E A OUTRA ROLA A DÍVIDA NO MERCADO DE TÍTULOS, PAGANDO CARO (COM SPREAD) PELA ALTA DOS JUROS E EMITINDO TÍTULOS PARA PAGAMENTO A POSTERIORE (SOBERANOS), O QUE AUMENTA A DÍVIDA PÚBLICA (PAPÉIS PRÉ-FIXADOS=43,3%; TÍTULOS ATRELADOS A TAXA SELIC (PAPÉIS PÓS FIXADOS) = 11,35%; PAPÉIS ATRELADOS AOS ÍNDICES DE INFLAÇÃO= 36,14%; PAPÉIS ATRELADOS A VARIAÇÃO DA TX DE CÂMBIO=9,22%; EMISSÃO DE TÍTULOS DE SWAP CAMBIAL PELO BANCO CENTRAL PARA EVITAR  A DESVALORIZAÇÃO DO REAL OU A VALORIZAÇÃO DA MOEDA AMERICANA)



O SUPERAVIT (ESFORÇO PARA PAGAR OS JUROS DA DÍVIDA) SÓ É POSSÍVEL SE O QUE OS GOVERNOS(FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL) ARRECADAREM COM impostos e itens extraordinários (como receita de privatizações e concessões) for bem administrado e o gasto for enxuto.



A família Brasil hoje, é como a família que poderia ter comprado uma casa, com suas economias no final do mês, e no entanto, gasta a revelia, incorporando às suas despesas, pagamento de parcelas de empréstimos a altas de taxas de juros (no caso do Brasil em forma de Títulos), que portanto, farão parte das despesas gerais, inviabilizando o crescimento sustentável e a compra da casa, (no caso do Brasil: infra-estrutura = modernização de portos, rodovias, ferrovias, hidrovias, EDUCAÇÃO, etc) já que o que sobra, mal da para pagar os juros dos empréstimos. Assim, rola a dívida (faz mais empréstimos) ficando sem ter poupança para investir e comprar a casa, que quando quitada se tornaria um benefício para a família, agregando valor ao patrimônio e diminuindo os custos.

As bases macroeconômicas e o risco do descontrole

FHC quando entregou a economia do Brasil saneada ao governo Lula, o fez estabilizando-a através de bases macroeconômicas: Controle do déficit público (arrecadação do governo x gastos públicos, com a criação da lei de responsabilidade fiscal dos estados com o governo federal, e quando há déficit, gera a emissão de títulos públicos que atraem investidores, ja que há proibição por lei para injeção de moeda por emissão pelo Banco Central (investimentos diretos e investidores especulativos) o que ajuda a cobrir o rombo pelo déficit mas aumenta a dívida pública); Política de câmbio flutuante(possibilitando que o fluxo de investimentos  de capital externo no mercado o regule, propiciando a valorização do Real, com a entrada/injeção de capital ou vice-versa (o que se reflete na  exportação maior ou menor de produtos, conforme o câmbio).  A injeção de dinheiro no mercado hoje também é feita via estímulos de demanda com redução de IPI, etc, mas carece de um controle da tx de juros, pois gera inflação); Superávit da conta corrente (Exportações maiores que as importações do país ,que  faz o governo ter mais dólares para pagar a dívida externa);

No contexto daquela época, estas bases estabilizaram a economia reduzindo a inflação, que passou a ser administrada por metas, e possibilitavam que fossem feitos investimentos em infra -estrutura para que com a estabilidade econômica o país pudesse colher em mais alguns anos, os frutos deste trabalho de estímulo à produção da indústria e com a possibilidade de escoamento fácil da produção, dada a maior capacidade industrial; no campo, pela maior capacidade de exportação da produção, e nos serviços, pelo grande estímulo ao empreendedorismo, afim de que o Brasil pudesse aumentar o ganho também pelo resultado com trabalho e consequentemente, aumento do PIB (Produto Interno Bruto), possibilitando inclusive que fossem feitas as reformas política, fiscal e tributária. Só que o governo petista, surfou na bonança que foi em função do crescimento da economia chinesa e das crises americanas e européia (que possibilitou superávit comercial, já que de 2004 a 2011 com a alta do preço no mercado internacional das commodities que o Brasil exporta = soja, café, laranja, etc só para ficar com algumas agrícolas, e a entrada de grande volume de capital externo durante este período, atraído pelas nossas taxas de juros  ajudaram a financiar a demanda interna), adotando uma política de acordos políticos num toma lá da cá de cargos e verbas, assistencialismos, elevando a dívida pública (interna+externa) e medidas políticas e eleitoreiras para se perpetuar no poder e não fez a lição de casa que já era urgente há 13 anos atrás, então vamos ter que sofrer as consequências, pois agora a China puxou o freio na sua economia e os EUA estão saindo da crise, diminuindo o fluxo de dólares no mercado internacional para atrair investidores (aqueles que estavam investindo no Brasil).

No final do governo atual, o que estamos assistindo para piorar o quadro da estabilidade econômica conquistada a duras penas é uma jogada no tabuleiro equivocada, já que ao decidir não reajustar os preços  administrados pelo governo (que é o caso da gasolina e energia elétrica), bem como a tarifa de transporte público, em função das pressões em manifestações sociais do ano passado, represa a inflação tentando mantê-la dentro da expectativa (meta) para fins de imagem com a opinião pública, num sentido eleitoreiro , o que gerará a necessidade de no próximo ano realizar um forte reajuste nestes preços.  Sem contar que descontrola a inflação, que maquiada não reflete a verdade na política do sistema de preços. Pra se ter uma ideia, se fôssemos considerar os aumentos da energia elétrica, combustível e das passagens de transporte público (Já necessários), a inflação já estaria acima de 7% ao ano.

De 2015 em diante, independente do governo que assuma, devemos começar a sentir os efeitos de uma década do governo petista, cuja grande contribuição é distribuir mais renda à população de baixa renda (só não se sabe até quando, sem estrutura para que as indústrias possam gerar empregos, já que os custos trabalhistas e logísticos continuam aumentando, assim como a inflação).



"A maioria dos economistas presentes na reunião do IEDi (Instituto Teotônio Vilela) em 2006, embora pertencendo a escolas diversas e tendo participado de diferentes governos, parece convencida de que o tripé composto por câmbio flutuantemetas da inflação eLei de Responsabilidade Fiscal é o mecanismo mais adequado para enfrentar os desafios da sustentação do crescimento e da estabilidade num mundo globalizado." (Fernando Henrique Cardoso)

É na prática que uma ideologia é testada

Vem bem a calhar a situação atual da economia no tocante à concepção da política de preços, já que o partido que elegeu a atual presidente no Brasil sempre atacou outros partidos, com base numa ideologia que visa o estado ter autonomia de intervir e administrar preços, controlando-os conforme sua necessidade. Chamando quem defendesse a concepção da política de formação dos preços, de acordo com o mercado, de neoliberal. Ou seja, ao assumir uma ideologia e adotar posturas e atitudes que já sabia-se a, pelo menos uma década, que estavam defasadas, com base na experiência econômica mundial, e começando a colher maus resultados, o governo começa a rever sua postura e iniciar o ajuste de alguns preços controlados, em função de sua intervenção, para acompanhar o mercado, se não quiser aumentar o estrago que sua crença atrasada causou. Um aprendizado que será cada vez mais dolorido para o trabalhador, que para variar, terá que pagar a conta, e de uma vez ou em doses amargas, já que em alguns setores os mesmos foram controlados para tentar segurar a crescente inflação, principalmente num ano de eleição presidencial. É a vida prática ensinando que nem sempre ideologias adotadas, em função de ser de tendência esquerda ou direita são acertadas, frente ao que se tem que fazer de fato para manter a economia de um país saudável. O melhor exemplo prático é o que vem ocorrendo com o setor elétrico no Brasil. Em 2012, quando a presidente definiu uma redução de 20% das tarifas de energia elétrica (MP 605/2013),com um grande alarde nas mídias, imaginou que como a maioria das concessões das hidrelétricas estariam para vencer, com esta redução naquele momento, a renovação só seria admitida com a redução das tarifas imposta pelo governo, só que algumas geradoras de energia não aceitaram a regra e foram vender seus quilowatts no mercado livre (spot). Ao chegar a seca, consequentemente a queda dos reservatórios de água e a necessidade de acionar usinas termoelétricas, que hoje são responsáveis por um terço da oferta de energia elétrica no Brasil, o resultado foi que os preços da energia elétrica explodiram porque com a saída daquelas geradoras, a oferta ficou menor do que a demanda. Isso ocorre porque, embora os preços de um produto sejam compostos pelos seus respectivos custos de produção, a regra de oferta e demanda(procura) se sobrepõe na formação de preços de qualquer produto, em qualquer mercado. Basta verificar em nossa geladeira o preço do tomate, entre outros, como subiu e se regulou, em função da escassez no mercado, em função dos problemas na ocasião da plantação/colheita. Este raciocínio se aplicará também aos combustíveis que também estão sendo administrados, entre outros produtos. O reajuste de 15% a 30% nas tarifas ao consumidor para a energia elétrica, autorizados recentemente pelo governo,  deve-se apenas a defasagem de custos passados, e portanto, implicarão em novos reajustes, o que também deverá ocorrer em breve com os combustíveis, e consequentemente, com as tarifas de transporte, congeladas desde as manifestações (não é só por R$0,20), elevando num curto espaço de tempo a inflação a dois dígitos. No setor elétrico, tabelou-se inclusive a Taxa Interna de Retorno dos Investimentos (Margem de lucro), fixado para as novas concessões de energia. E desta forma observamos que foi fácil atacar os outros partidos e profissionais, de maneira a ganhar a simpatia do eleitor, criando frases prontas para ludibriar o trabalhador leigo no assunto, quando na verdade "aqueles" tiveram que adotar medidas, muitas vezes impopulares, respeitando todo este estado de coisas, para manter a economia sobre equilíbrio, que pelo andar da carruagem, já se perdeu.  Aprendizado para o trabalhador brasileiro, que talvez nem esteja se dando conta da situação em que o país se encontra, preocupado e focado em tentar pagar as contas no dia de receber o salário, que será cada vez menor, com a volta da inflação.

Perspectivas da Balança Comercial

Com a Inflação crescendo (mesmo que mascarada), Superavit primário com dificuldade dado os excessivos gastos do governo, é bom dar uma olhada na balança comercial, para avaliar as perspectivas a médio/longo prazo, com relação à possibilidade de queda do superavit, e considerando que o estado de São Paulo representa 40% das exportações da federação, olhando como estão as exportações de suas regiões, podemos perceber que, no tocante aos automóveis (produto manufaturado) em função de decisões do governo federal, com relação ao estímulo do MERCOSUL, o Brasil acabou reduzindo mercados como o dos EUA para focar mais a Argentina na América do Sul, assim como, ocorre também com os calçados, só que a Argentina passa por uma profunda crise e reduziu quase a zero a importação de veículos. Mas, o Brasil exporta muitos outros produtos, como Soja, açucar, suco de laranja, aviões, entre outros (commodities), principalmente para os EUA e China, o que acaba contrabalançando com a crise no setor automotivo, embora a crise sinalize redução do superavit nos próximos meses. Recentemente verificou-se que o setor do agronegócio é quem está puxando as exportações e que no setor automobilístico seria importante rever a política de exportação quase que exclusivamente com destino para a Argentina, voltando a focar os mercados dos EUA , e tentando prospectar novas regiões. Só que uma mudança de política junto às indústrias automobilísticas, para tornar o país um pólo exportador, como havia sido planejado com a estabilização da moeda, demanda um tempo em torno de cinco anos para surtir efeito. Abaixo um vídeo que mostra quais produtos e quais regiões do estado de São Paulo são responsáveis por sua produção. Detalhando o que são commodities, produtos básicos, semi-manufaturados e manufaturados!