Hoje é fato que a maioria das superpotências econômicas estejam com sua economia operando na forma de livre mercado, fruto de uma evolução que se iniciou desde o renascimento do comércio, com a abertura dos portos do mar mediterrâneo, o que seria o início do fim do mercado centralizado no estado, comum no absolutismo que se encontrava em decadência, com a ascensão da burguesia (comerciantes que se estabeleceram nas redondezas dos burgos). Passando pelos fisiocratas, e pegando impulso com Adam Smith no século XVIII, uma ideologia ganhava corpo. Com a decadência do estado absolutista, e portanto, da centralização da economia, a tendência a partir de então, passou a ser considerar os indivíduos livres para concorrerem entre si economicamente , enquanto o estado sairia cada vez mais de cena. Tal modelo, constituiu-se nas bases da doutrina e política Liberal, onde o objetivo era estimular o livre jogo espontâneo do mercado, para uma expansão crescente das forças produtivas, o que redundaria num expressivo e progressivo enriquecimento das nações, e conseqüentemente, dos indivíduos, que se beneficiariam, portanto, desta liberdade. Eventuais desequilíbrios seriam naturalmente sanados, pela igualdade de condições que os participantes do jogo econômico conquistariam, o que possibilitaria no fim do processo, a igualdade social de todas as nações e indivíduos, mesmo que não de início . No entanto, alguns pensadores, quebrariam posteriormente esta onda de harmonia e progresso, com suas considerações. Malthus (1766-1834) indagaria sobre o crescimento demográfico em progressão geométrica contra o crescimento aritmético da produção de alimentos, o que geraria em pouco tempo, “a fome no mundo”. De base protestante, calvinista, a teoria Malthusiana iria propor liberdade econômica apenas para o empresário (burguês), através de sua educação e estudo, enquanto o proletário, sem condições para o avanço da educação, seria considerado, a mula de carga da sociedade, uma vez que, não poderia libertar-se economicamente, sem elevar muito o crescimento demográfico, e conseqüentemente, gerar a fome no futuro. Posteriormente, Ricardo (1817) em “Princípios de economia Política” , na carona de Malthus, desenvolve a teoria dos salários decrescentes (lei de bronze dos salários), onde estabelece que, a partir de um determinado estágio da evolução e concentração capitalista, os salários deveriam se tornar decrescentes, caso contrário, gerariam no futuro uma crise, não apenas de ordem conjuntural, mas também estrutural, algo como uma catástrofe geral, o que batia de frente com a teoria do salário natural, desenvolvida por Adam Smith. Então, aparece Karl Marx, discípulo de Ricardo, que o supera em muitos pontos essenciais de suas idéias, atribuindo uma grande significação histórica para a ciência. Marx, atribui ao capitalismo um modo de produção dominante, que se forma num momento histórico e social determinado, e que, por este motivo, assim como nasceu, teria também o seu crepúsculo e morte. Em O Capital , Marx faz algumas considerações básicas sobre este crepúsculo e a conseqüente morte do modelo capitalista. “O capitalismo, após alcançar certa maturidade, entraria numa fase crítica, premonitória de crises estruturais e de transformações revolucionárias. Essa maturidade seria dada pela tendência do capital a sua concentração e à eliminação do princípio original que assistira a suas origens: a concorrência. O capital terminaria em mãos de poucos, constituindo o cume de uma pirâmide absolutamente separada da base. O capital terminaria por constituir oligopólios que derivariam em monopólios, até que tudo acabaria concentrando-se em uma única mão. Simultaneamente, a “base”, sustentada pelo trabalho, pela “força de trabalho”, iria alargando-se horizontalmente, crescendo em proporções imensas e aplicando a “lei de bronze dos salários”.” (O que é capitalismo- Afrânio Mendes Catani-1980)
Ou seja, para Marx, o proletariado, ao invés de enriquecer e se libertar economicamente, sofreria uma progressiva depauperização, proporcional à concentração monopolista do Capital. E mais, considerava impossível a sobrevivência do sistema econômico, sem inverter a base da pirâmide, com uma revolução no sentido de que a base alcançasse o poder econômico instaurando o poder político para, inicialmente, o que chamava de “ditadura do proletariado”, e depois, de uma apropriação comunista dos meios de produção. Impossível porque, em seu entender, no capitalismo havia um caráter contraditório, que socializava o trabalho ao mesmo tempo em que privatizava os meios de produção. Assim, considerava que somente uma revolução, e posteriormente, a implantação do comunismo, permitiriam resolver tal contradição.
Voltando aos dias de hoje, quando nos deparamos com as políticas assistencialistas que partidos nascidos na esquerda vêm praticando, de forma crescente, é possível supor que, países emergentes, como o Brasil, tenham encontrado um “caminho do meio” para a distribuição melhor da renda, entre as classes sociais, não obstante tal contradição estudada por Marx, o que agrega um mecanismo a mais de ajuste na economia, na medida em que, as classes D e E , vão ascendendo na escalada social e injetando mais dinheiro no mercado, mantendo a demanda aquecida e contribuindo para o equilíbrio do sistema.
Tudo ia indo bem para o sistema de livre mercado, que nasceu com as luzes da civilização atual, não fosse a recente crise, no país que possui a economia mais liberal do Globo, que forçosamente colocou a necessidade do estado intervir na economia, e mesmo que seja por pouco tempo,... até transferirem novamente as ações de bancos estatizados para a propriedade privada, uma pergunta não quer calar: Até que ponto o barba (Marx) tinha razão?
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