sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O capitalismo balança enquanto a democracia dá sinais de amadurecimento

“O estado sou eu”, era uma frase famosa de um monarca, ainda no regime absolutista, e pelo seu teor dá para se ter uma idéia de como as coisas funcionavam, neste sistema de governo. Mas com as teorias iluministas sobre a igualdade, de Rousseau, no sec. XVIII, e do estado de direito, de Montesquieu, assim como de outras personalidades da época, como John Locke, aos poucos o estado foi sendo moldado pela crescente burguesia, na Europa, que buscava ainda a legitimação do poder, mesmo que ainda fosse na monarquia, até tornar-se capitalista, constitucional e democrático. A palavra democracia, deriva da palavra grega : demos (povo), que surgiu em Atenas, como “demokratia”, e significa : “forma de governo em que a soberania é exercida pelo povo”. Então, se fizermos uma rápida comparação com o regime absolutista, da Idade Média, perceberemos que a soberania não era exercida pelo povo, mas sim apenas por pessoas oriundas da classe nobre ou clérigos, já que naquela época a matrix, ou o status quo refletia a mentalidade estabelecida pela teoria da graça, desenvolvida por Santo Agostinho, dada a influência da igreja no poder absolutista, onde mulheres e trabalhadores possuíam uma série de restrições aos seus direitos, ou seja, não sendo nobres ou clérigos não podiam ter voz na condução do destino da sociedade. Isso começaria a mudar com o movimento Renascentista que contribuiu para a formação do “Estado Moderno” Absolutista, ao eliminar o monopólio cultural-religioso roubando parte do prestígio da igreja, e ao re-valorizar o direito Romano, que defendia a concentração da autoridade pública. A reforma Protestante também abalou as pretensões políticas da Igreja, enfraquecendo-a, o que facilitou a organização de Estados nacionais e permitiu que muitos Reis exercessem os poderes anteriormente de competência eclesiástica. A crise na sociedade estamental (em especial pelo despontar da burguesia) refletiu-se no capitalismo comercial com a oposição dos burgueses ao mercantilismo e o conseqüente enfraquecimento do sistema colonial, e desta forma, afetou o Absolutismo, surgindo uma ideologia contrária a ele, denominada “Iluminismo”, ocorrendo então sua derrocada. Portanto, desde a “ demokratia “ Ateniense, que também impunha limitações a mulheres e trabalhadores, até os nossos dias de hoje, a democracia foi passando por diversas transformações, podendo ser direta ou pura, através de referendos e plebiscitos feitos pelos governantes ao povo, para decidir o destino de determinado assunto, como também, por representação, onde o povo escolhe, através do voto, os seus representantes no Poder Legislativo e Executivo, podendo ainda ser de sistema Presidencialista ou Parlamentarista. Mas uma questão filosófica surge neste ponto. Estaria o povo, ao escolher seus representantes, realmente representado no poder, ou a classe dominante da sociedade, com a influência na imprensa e meios de comunicação, estaria manipulando as mentes menos providas de cultura, afim de perpetuar-se no poder, e assim, sempre mantendo o povo dominado? Se tiver dúvida sobre o que esta questão levanta, relembre a decisão feita entre Barrabás e Jesus, em praça pública, com influência do poder dominante àquele tempo, numa época em que nem ao menos havia uma comunicação tão ágil, como a de hoje. Por outra forma, poderá ainda re-lembrar, como Hitler, influenciava o povo alemão ao seu favor, com relação aos referendos que seu governo realizava. ...E hoje, a classe capitalista dominante estaria manipulando a opinião pública, com toda a mídia a sua disposição? Porque é tão difícil acabar com um sistema de ensino público que aprova automaticamente os seus alunos? Haveria algum interesse em manter o povo sem condição de realizar uma reflexão mais profunda, sobre os caminhos da civilização moderna? O caso é que, com a evolução da tecnologia e a popularização do serviço de Internet, nos micro-computadores, o povo passou a contar com mais um instrumento para expressão do que sente e pensa. E veja que contradição!? Através do próprio jogo do capitalismo, que contribui para a queda constante dos preços e a popularização dos equipamentos. Basta verificarmos que o novo presidente eleito no maior país capitalista do globo, contou com grande parte das doações para sua campanha, vinda de eleitores via internet, meio também pelo qual começou a sua campanha política. Assim, cabem mais algumas perguntas: Estaria a tecnologia contribuindo para o amadurecimento da democracia moderna? Seria esta uma alternativa para, cada vez mais, elevar-se a participação direta do povo nos destinos da sociedade? Seria este um meio de revolução do proletariado, não previsto por Marx? Visto desta forma, ficamos com a impressão de que, embora o capitalismo esteja passando por uma crise, advinda de pura especulação, a democracia, por outro lado, dá sinais de amadurecimento.

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