terça-feira, 25 de novembro de 2008

Paixão ou Amor?

O amor enquanto aquela sensação boa que sentimos, pensando em alguém, ao escutarmos uma canção, na verdade é a sensação de nos sentirmos completos, pois ilusoriamente acreditamos estar carentes “de algo”, através do nosso “eu psicológico”. Daí termos a impressão de que determinada pessoa nos completa. Isso, na verdade não é amor, é paixão, primeiro passo para uma aproximação. Assim, com a convivência, é que vamos compreendendo esta questão, à medida em que aquele sentimento de preenchimento, vai se esvaindo e descobrimos o nosso companheiro como ele realmente é...
Isso ocorre porque, somos conscientes de determinadas áreas de nosso ser, mas outras áreas, acabam ficando veladas, ou porque nos identificamos com o “eu psicológico” formado até então, fugindo de nosso verdadeiro ser, ou porque a vida ainda não nos trouxe a oportunidade de acessar aquela determinada sombra da consciência. Sim sombra,... não se surpreenda! Isto porque os antigos já nos ensinavam que o símbolo da consciência é o Sol, e o da inconsciência, a sombra (onde a luz do sol ainda não ilumina). Veja o que o zodíaco astrológico, simbolicamente nos mostra, por exemplo. Afinal, cada signo ali contido possui um outro signo contrário, até mesmo complementar, ou seja, se determinada configuração dos astros proporciona consciência a um determinado signo, muito provavelmente, o respectivo signo contrário, estará na sombra, ou seja, representará as características que ainda não estão conscientes no nosso ser, por algum motivo, como mencionado anteriormente, e que, por isso, atrairemos e criaremos situações, ao longo da vida, afim de trabalharmos as tais características e ganharmos musculatura.
Portanto, adivinhem o que acontece, quando nós achamos alguém, no nosso convívio cotidiano, que possui exatamente aquela característica que intuímos ter, mas que está na sombra de nossa experiência de ser?! Sim, isto mesmo. Nos apaixonamos!!! E então temos aquela sensação maravilhosa de preenchimento, que nos referimos acima, na fase da paquera e namoro, até que o convívio nos mostre que o verdadeiro amor, não é bem isso. Afinal, amar pressupõe aceitar, conviver e aprender com as diferenças, respeitando as pessoas como elas são, não querendo transformá-las como “achamos” que elas devam ser e se comportar. E cá entre nós, ...apaixonados, se quer enxergamos as diferenças que existem entre nós!! (risos).
Então, o que nos atrai ao próximo, é a nossa sombra, projetada no outro, como uma imagem do que queremos ser e ainda não somos, no espelho. O grande problema é que, muitas vezes somos atraídos, nos tornamos parceiros e acabamos ficando presos àquela atração de outrora, a um “eu aparente” forjado por nós mesmos, através da imagem que projetamos, que na prática não se sustenta, uma vez que, a pessoa não é como esperávamos, então, posteriormente, a vida abrirá o espaço para descobrirmos o que é o amor, através da convivência. Se decidirmos ir em frente e constituir uma família, assumindo um compromisso mútuo, que tende a propiciar maior segurança e estabilidade, aliviando-nos da solidão e do isolamento, teremos a oportunidade de aprender a conviver e a respeitar as diferenças individuais e a desenvolver o verdadeiro amor.
Estar desperto talvez seja, termos consciência do que somos realmente, como seres humanos,... qual a imagem que refletimos para os outros, ou qual é o nosso “eu aparente”, sem estarmos identificados com ele, compreendendo o mesmo com relação aos outros, afim de evitarmos enganos e sofrimentos desnecessários na vida. Esse caminho, de primeiro buscarmos uma identidade separada de nossa mãe, e depois,uma identidade com o meio em que vivemos, é o caminho reservado a cada um de nós, para que na idade adulta, com o desenvolvimento do ego (eu aparente) possamos aprender a olhar a nossa imagem projetada e perceber quem realmente somos, num resgate à nossa essência, ...ao espírito, este sim, que aqui está para se aprimorar, com o exercício da vida, em função da mente. Nem que pra isso, só nos percebamos através da projeção de nós mesmos, no próximo. A vida não é sábia ?! (risos)
“Ama ao teu próximo, como a ti mesmo.”

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