quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Como a Classe Dominante atual, se originou?


(410 D.C. (Grã-Bretanha) grubenhäuser,  era basicamente uma "casa-buraco", uma estrutura de 2,10 Mts por 3,00Mts / moradia)

É no mínimo interessante, como ao longo do tempo, o homem, vivendo em sociedade, foi criando mecanismos para aprimorar-se na arte de viver, não obstante, os problemas de hoje, a grosso modo, se assemelhem com os do passado.
No ano 1000 d.c. haviam aproximadamente 42 milhões de pessoas na Europa, no ano 1100: 48 milhões, em 1200: 61 milhões e em 1300: 73 milhões, portanto, esse crescimento demográfico era incompatível com a baixa produtividade feudal. Sem condições de alimentar seus camponeses, ao mínimo pretexto, os feudos expulsavam servos, criando assim, uma camada marginalizada, fonte de muitos problemas. No feudalismo, a relação social vertical se dava entre o nobre, que podia ser o dono da terra (senhor feudal) ou vassalo, pessoa designada pelo senhor feudal para administrar o seu feudo, e os camponeses, pessoas que trabalhavam em suas terras (servos), sendo que, a nobreza era fortemente influenciada pelo clero (corporação de sacerdotes), já que a filosofia feudal estava quase que dominada pelo pensamento dos fins da antiguidade, de Santo Agostinho(354-430). A teoria da graça, considerava que os homens, abençoados por Deus, tocados com a graça divina, deveriam usar o seu livre arbítrio (liberdade de escolha) para praticar o bem , salvando a sua alma, enquanto que os outros estavam fadados a fazer o mal e por isso eram condenados. Para a igreja daquela época, os nobres e o clero eram os agraciados por Deus e o campesinato os não agraciados.
A crise no sistema feudal, oriunda do acelerado crescimento demográfico, gerava a necessidade de se expandir os territórios, o que ocorreu na própria Europa , com a conquista de suas extremidades. No seu lado mais ocidental, a Península Ibérica, o movimento conhecido por Reconquista foi aos poucos expulsando os muçulmanos e reintegrando a região na cristandade. No extremo oriental da Europa, processo semelhante ocorreu com a penetração alemã em território eslavo. Os pioneiros desbravaram novas áreas para a agricultura, fundaram novas cidades, cristianizaram a população local e , assim, alargaram as fronteiras da cristandade. A mais espetacular expansão, no entanto, deu-se fora da Europa, no Oriente Médio, com as Cruzadas . Essas expedições cristãs contra os muçulmanos talvez sejam mesmo a melhor expressão, na Europa feudal, da interação Igreja-Feudalismo.
Em muitas regiões da Europa, prevalecia a regra da primogenitura (O filho mais velho herdava todos os bens), os filhos mais novos entravam para o Clero, obtendo um feudo da igreja. Contudo, com o crescimento populacional, chegou um momento em que nem mesmo a igreja tinha terras suficientes para distribuir. Numerosos nobres estavam sem terra, envolvendo-se em raptos, saques, profanações de igrejas e guerras para sobreviver. As cruzadas representam uma ocupação para este excedente demográfico. Um segundo fator, também muito importante, foi o religioso. Conforme a mentalidade da época, era fundamental para a salvação da alma, realizar uma peregrinação. Esta viagem-penitência a locais Santos podia ser feita na própria Europa (Roma, Santiago de Compostela, etc), mas o principal centro de peregrinação era Jerusalém, onde estava o Santo Sepulcro, túmulo de Cristo. Este porém, localizava-se em território Muçulmano, e em 1078 as peregrinações cristãs foram proibidas.
Em terceiro lugar, havia o interesse do Papa em reforçar sua liderança no ocidente. De fato, promover e organizar um movimento do porte das cruzadas seria a demonstração de força e prestígio de que a Igreja precisava diante de sua luta contra o Império. Mais ainda, a igreja, que não conseguira acabar com as guerras feudais, através da paz de Deus (proibição de lutas em certos locais e épocas do ano), pensava em canalizar a belicosidade da nobreza para o Oriente.
Uma última causa a ser levada em consideração era a pretensão do papado de reunificar a Cristandade, dividida desde o cisma do Oriente (1054). Segundo esta idéia, os exércitos cruzados a caminho de Jerusalém poderiam, de passagem por Bizâncio, exercer certa pressão para pôr fim à Igreja Ortodoxa Grega .
Desde que o papa Urbano II pregou realização das Cruzadas no Concílio de Clermont, em 1095, até fins do século XIII, foram inúmeras as expedições cristãs em direção ao oriente. No entanto, convencionou-se, para facilitar, falar-se em oito cruzadas (além de duas outras, não realizadas pela nobreza, a cruzada popular e a Cruzada das Crianças).
A primeira cruzada (1096-1099), formada por nobres franceses e normandos, apoderou-se da importante cidade de Antioquia, abrindo assim, caminho para a conquista de Jerusalém em 1099. Os territórios submetidos foram organizados de forma feudal, cabendo a cada chefe uma região, subdividida em feudos. Contudo, Jerusalém foi retomada pelos Islamitas em 1187, e apesar de várias tentativas cristãs, a cidade jamais foi reconquistada.
As cruzadas fracassaram quanto aos seus objetivos, mas alcançaram resultados inesperados e importantes, determinando o rumo da Idade Média desde então. No plano da política ocidental, elas aceleraram a crise do feudalismo, gerando o desaparecimento de milhares de nobres e arruinando outros tantos, sendo que acabaram favorecendo a centralização política por parte dos reis. Desta forma, também a Igreja foi afetada, pois , como sabemos a inter-relação igreja-feudalismo era muito grande, portanto, o declínio deste representou igualmente o declínio daquela. No plano da política internacional, as cruzadas foram as responsáveis pela decadência do império Bizantino, sendo que a quarta cruzada separou definitivamente a Cristandade Ocidental da Oriental. No plano econômico, completaram a reabertura do Mediterrâneo, possibilitando então o Renascimento comercial urbano. Deste modo, involuntariamente, deram novo golpe no feudalismo, acelerando a sua decadência. Este renascimento comercial se desenvolve, pois os artesãos e camponeses passam a se dedicar à nova atividade, abandonando os feudos e procurando pontos estratégicos para a venda de mercadorias, como encruzilhadas de estradas e margens dos principais rios navegáveis. Na procura por lugares seguros para suas mercadorias, começaram a procurar os burgos (castelos fortificados) melhor localizados e passaram a se estabelecer ao lado de seus muros. Com o tempo, nasceram os forisburgos, que cresceram graças ao comércio, cercando o próprio burgo e originando as cidades.
Os comerciantes, chamados então de burgueses, desejavam liberdade e procuravam conquistá-la ou pela força ou comprando do senhor feudal uma carta de franquia. Na França, o surgimento destas cidades livres foi favorecido pelos reis capetíngios, que viam nelas poderosas e fiéis aliadas em sua luta contra a nobreza feudal. Mais à frente no tempo, cansada de caminhar com o pesado fardo econômico, imposto até então pela monarquia, a burguesia francesa, possuía uma utopia, mas a monarquia absolutista representava um entrave, que impedia a sua ascensão. No entanto, esta prosperava, estribada no desenvolvimento da Indústria e do comércio, e não se conformava em desempenhar um papél secundário na vida política da nação. Além disso, a má administração financeira afetava os seus interesses e ela, assim sendo, desejava uma mudança de regime que permitisse a sua participação na administração pública. Assim, foi essa classe, grande responsável pela Revolução que surgiu , baseada nas idéias de: Voltaire, Rousseau, Condorcet, Dálambert, Turgot, Diderot, entre outros.

E assim, começávamos a caminhar para uma revolução que representou um marco na história da humanidade, e que transformou a burguesia, na classe dominante do porvir.

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